Afirma a senhora Ministra da Educação, em entrevista ao semanário Expresso, que "[o método da retenção] não tem contribuído para a qualidade do sistema. (…) A alternativa é ter outras formas de apoio, que devem ser potenciadas para ajudar os que têm um ritmo diferenciado." E acrescenta que tenciona alterar as regras de avaliação durante o seu mandato, apesar de pretender um consenso e um debate alargado na comunidade educativa.
No fim da notícia refere-se que as estimativas apontam para um gasto de 600 milhões de euros por ano com as retenções no ensino em Portugal. Para bom entendedor meia palavra basta: a medida tem um objectivo de eficiência económica.
Ora vamos lá começar o debate:
Luís, Portugal. 31.07.2010 16:16
Acabaram as reprovações. Acho bem, mas...
Eu acho bem que toda a gente deve passar de ano e assim acabar com as reprovações. No final de cada ciclo seria entregue ao aluno um diploma com a média do curso. Teríamos assim alunos que acabavam, por exemplo, o 12º ano com média de 6, outros com média de 8, outros com média de 15, outros com média de 17, etc. Depois, no mercado de trabalho, seria feita a pergunta obrigatória. "Qual é a média do curso?" As conclusões para o empregador seriam óbvias! Não é isto que querem? Analfabetos de diploma na mão, mas a média não engana!
Rocha, Coimbra. 31.07.2010
RE: Acabaram as reprovações. Acho bem, mas...
Meu caro, não seja ingénuo, o passo seguinte é manipular a qualidade do sucesso.
Sousa da Ponte, UK. 01.08.2010
RE: RE: Acabaram as reprovações. Acho bem, mas...
Ingénuo é o Rocha, Coimbra. O que Luís, Portugal descreve é aproximadamente o que acontece com países onde não há chumbo (ex. UK). Os alunos não chumbam mas os conteúdos ensinados variam em função do sucesso do aluno, com turmas diferenciadas em função do nível dos alunos. (pode chamar-lhe segregação social na escola). No fim da escolaridade obrigatória os níveis vão de A*, A, B ou C (os melhores) até G, H ou I (não me lembro bem). Para os piores casos de insucesso há o N (quer dizer que os valores são tão baixos que não foi atribuída nota). Os alunos podem não chumbar, mas essas marcas marcam-nos para toda a vida. Comparado com os chumbos portugueses esse sistema sem chumbos é mais cínico e hipócrita.
Anónimo, porto. 31.07.2010 16:21
O País das idiotices
Será que de repente este País passou a ser o país dos idiotas? Será que o bom senso desapareceu? Fazer isto é muito bom para quem não gosta de trabalhar, quer sejam alunos ou professores. Se a associação de pais está de acordo é tão inconsciente como quem se lembrou de uma burrice destas. Qualquer dia nem vale a pena ir à escola, os alunos matriculam-se e sabem que podem dormir descansados pois no fim do ano aparecerá na pauta aprovado.
Anónimo, Portugal. 31.07.2010
RE: O País das idiotices
Há muitos anos que não se chumba em Portugal. E não é só do primeiro para o segundo ano. A generalidade das pessoas não sabe ao que chegou o ensino em Portugal. Sabia que em 1993 entraram, no Instituto Superior Técnico de Lisboa, 35 alunos com 0 (zero) a Matemática? E que foi o ministro Marçal Grilo, no 1º governo do eng. Guterres, que impôs o 10 como nota mínima para entrar na Universidade? Antes entrava-se no Técnico com 6. E nas ESE's ainda com menos. Como vê o problema é velho.
Luís Câmara Leme, Corroios. 31.07.2010 16:40
O eterno problema
Só posso estar de acordo com esta medida, desde que a Escola passe a dar igual tratamento a todos os alunos. Por outras palavras, o apoio deve ser dado aos alunos que mais precisam de acompanhamento diário, mas não podem esquecer os alunos que demonstram mais capacidades, de forma a potenciar-lhes essas mesmas potencialidades. Só assim haverá uma melhoria acentuada na qualidade do ensino em Portugal. A Ministra já fala em alterar a avaliação. Temo que se caminhe, invariavelmente, para o facilitismo. Seria mais uma machadada no futuro de Portugal e dos portugueses.
Francisco, Coimbra. 31.07.2010
RE: O eterno problema
Neste momento, no ensino básico, só chumba quem não faz absolutamente nada. Esta medida parte do principio de que os alunos que chumbam são esforçados e que chumbam por falta de capacidade/ajuda. Porém esta premissa é completamente errada, 99% dos alunos que chumbam não sabem o que significa estudar, estar com atenção nas aulas, etc. Caro Luís, acha que se tivermos que apoiar ainda mais alunos que não fazem rigorosamente nada e que ainda por cima prejudicam gravemente as aulas, teremos tempo para nos preocuparmos com os bons alunos? 60% do tempo lectivo dos professores é desperdiçado com alunos que não querem saber nada de nada.
Francisco Silva, Beja. 31.07.2010 18:44
Uma Aventura na Educação: Episódio 10 'Finlândia'
É verdade que os alunos que reprovam perdem a auto-estima e, em regra, as suas prestações escolares em anos posteriores voltam a decair bastante. Também é verdade que alunos que transitam de ano mal preparados acabam por fracassar pouco tempo depois e com estrondo. O problema existe.
No entanto, a solução não pode ser o facilitismo e a motivação para a sua resolução não deve ser nunca a boa prestação estatística. A senhora ministra devia sabê-lo.
Por outro lado, não nos faz adivinhar nada de bom o facto de o Ministério da Educação ter abandonado o PISA, o facto de haver uma confederação de pais que fala sempre com a voz do governo e que é sempre da cor de quem governa e que ninguém sabe como é que é eleita, o facto de haver na 24 de Julho e na 5 de Outubro toda uma 'entourage' de pedagogos (o nosso país em termos de nº de pedagogos é cá uma potência...) que ninguém responsabiliza, o facto de os partidos políticos falarem da Educação de uma forma superficial e populista.
Enfim! A Educação deveria ser um dos pilares da nossa Democracia, os democratas do pós-25/A transformaram a Educação numa aventura: Uma Aventura na Educação.
Anónimo, Portugal. 31.07.2010
RE: Uma Aventura na Educação: Episódio 10 'Finlândia’
O Sr. Silva já reparou no currículo da Sra. ministra? Desde o 25 de Abril trabalhou ou no ministério da educação ou numa escola superior de educação. O que é que se pode esperar de um ministro com esta preparação?
joão pereira, Lisboa. 31.07.2010 23:29
Política
Claro que para os pais esta é uma óptima medida. Afinal agora já não era preciso encerrar a Independente, era uma «Universidade» com todas as condições para formar «doutores» sem estudar e sem chumbos. Estes políticos do pós-25 de Abril de 74 estragaram o ensino, estragaram a classe média. Esta é a democracia do safe-se quem poder. Atenção que com esta afirmação não quero dizer que no antes do 25 de Abril era bom, pelo contrário, era uma ditadura cheia de bandidos da PIDE, eu sei o que digo, ao contrário de muitos democratas de aviário, pois fui lixado por esse banditismo, mas o ensino era bom. Hoje o ensino é o que se vê. Todos passam ninguém chumba? Óptimo, começou o circo, ou melhor dizendo, o circo continua.
Kinhomeister. 31.07.2010 22:30
Via Twitter
Não é assim
Acabar pura e simplesmente com os chumbos não é, de todo, uma solução. A solução passa por reestruturar o sistema educativo.
Acabar com as disciplinas que não interessam, tipo estudo acompanhado, que não é mais que fazer jogos na sala de aula, ou área de projecto. Os alunos deveriam ter Formação Cívica a sério, inclusive com palestras por parte das forças de segurança, para terem uma noção do que se passa lá fora. Apoiar os alunos com mais dificuldades, com tutoria, com sessões de estudo acompanhado, mas sério, na escola.
Encaminhem os alunos que não terão grande futuro académico para cursos profissionais válidos, de forma a termos profissionais competentes nas mais várias áreas. O país precisa de bons mecânicos, electricistas, etc., não só de "Doutores" e "Engenheiros".
Coloquem bons professores nas escolas. Com bons professores e boas condições de aprendizagem e de estudo para os alunos, os chumbos reduzem-se ou desaparecem sem terem que ser eliminados por imposição do Ministério e deste acidente que demonstra ser a ministra da Educação.