Mostrar mensagens com a etiqueta ensino. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta ensino. Mostrar todas as mensagens

domingo, 25 de março de 2012

Morreu mais um jovem finalista do secundário em Lloret de Mar


Um jovem de 17 anos, residente em Castro Verde, morreu hoje depois de cair do 5º andar do hotel onde estava alojado na localidade de Lloret de Mar, em Espanha.

Fonte policial diz que não se tratou de um caso de balconing, prática em que jovens se lançam das varandas dos hotéis para as piscinas. Há testemunhos que confirmam ter sido uma queda acidental em circunstâncias que estão a ser averiguadas.

Era aluno do 12.º ano da Escola Secundária de Castro Verde e o director deste estabelecimento de ensino disse que o adolescente partiu na sexta-feira ao final do dia para a viagem de finalistas do ensino secundário com cerca de 20 colegas da mesma escola. Acrescentou que a escola não esteve envolvida na organização da viagem e os alunos não foram acompanhados por professores.


Há dois anos um jovem de Lamego, também de 17 anos, morreu na sequência de uma queda da varanda do 4º andar de um hotel em Lloret de Mar.
A Polícia de Girona disse, nessa altura, que os indícios apontavam para uma “queda acidental” ocorrida quando o jovem se encontrava numa varanda de um empreendimento turístico daquela cidade.



24.03.2012 21:03
A fiscalização da GNR não foi suficiente para evitar mais uma morte


Milhares de jovens portugueses continuam a deslocar-se todos os anos a Lloret de Mar na altura da Páscoa, em viagem de finalistas.

Há algumas décadas, quando os pais ainda se preocupavam com o futuro dos seus filhos, as férias da Páscoa eram bem aproveitadas pelos jovens.
Em parte, para descansarem porque tinham pela frente o último período do final de ensino secundário seguido por uma época de seis exames exigentes e, noutra parte, para reverem as matérias sobre as quais incidiam esses exames.

Lloret de Mar não é um local de descanso ou de saudável distracção. É uma estância balnear em que só há discotecas onde circulam álcool e outras drogas. Os acidentes são frequentes e esta já é a segunda morte.

Quantas mais mortes serão necessárias para que os pais portugueses compreendam que não devem autorizar a participação dos filhos em viagens de finalistas do ensino secundário para destinos perigosos para os adolescentes como Lloret de Mar?

Um pouco de amor aos filhos, precisa-se!








domingo, 8 de agosto de 2010

Longa é a noite dos que esperam a morte


Noite é o testemunho de um historiador e professor universitário inglês a quem foi diagnosticado esclerose lateral amiotrófica, em Março de 2008.
Como se trata da doença que afecta o físico teórico Stephen Hawking, surgiu a curiosidade de ler o seu depoimento:


"Sofro de uma neuropatia motora, no meu caso uma variante de esclerose lateral amiotrófica (ELA): a doença de Lou Gehrig. As neuropatias motoras estão longe de ser raras: a doença de Parkinson, a esclerose múltipla e uma variedade de doenças menores incluem-se todas nessa categoria. O que distingue a ELA — a menos comum nesta família de doenças neuromusculares — é, primeiro, o facto de não haver perda de sensações (o que tem vantagens e inconvenientes) e, segundo, não haver dor. Ao contrário do que sucede em quase todas as outras doenças graves ou mortais, o doente permanece, deste modo, capaz de observar livremente e com um desconforto mínimo o desastroso progresso da sua própria deterioração.

No nível de declínio em que me encontro, estou, assim, efectivamente tetraplégico. Com um esforço extraordinário, consigo mover um pouco a mão direita e consigo levar o braço esquerdo cerca de 15 centímetros pela frente do peito. As minhas pernas, embora permaneçam firmes, se eu estiver em pé, o tempo suficiente para permitir que um enfermeiro me transfira de uma cadeira para outra, não aguentam o meu peso e apenas uma delas ainda mantém algum movimento autónomo.

Deste modo, quando as minhas pernas ou os meus braços estão colocados numa determinada posição, permanecem assim até que alguém os mova por mim. O mesmo acontece com o meu tronco, tendo como resultado dores nas costas, devido à inércia e à pressão, que causam uma inflamação crónica. Como não disponho do uso dos braços, não posso coçar uma comichão, ajustar os óculos, retirar alguma partícula de comida que fique nos dentes ou qualquer outra das coisas que — como podem confirmar se pensarem por um momento — todos fazemos dezenas de vezes ao dia. O mínimo que posso dizer é que estou total e completamente dependente da bondade de estranhos (e de qualquer outra pessoa).

Durante o dia, posso, pelo menos, pedir que me cocem, que ajeitem alguma coisa, que me dêem de beber ou que me mudem simplesmente a posição dos membros dado que a imobilidade forçada durante horas sem fim não só é fisicamente desconfortável, como psicologicamente fica à beira do intolerável. Não é como se perdêssemos o desejo de nos esticarmos, de nos inclinarmos, de nos levantarmos ou deitarmos ou de correr ou mesmo fazer exercício. Mas, quando nos invade uma forte vontade de o fazer, não há nada — nada — que possamos fazer, excepto procurar algum ténue substituto ou, então, encontrar um meio de suprimir esse pensamento e a memória muscular que o acompanha.

Mas, então, chega a noite.
"


O que relata parece a sinopse de um filme de terror. Mas, admiravelmente, consegue descobrir uma saída:


"A minha solução tem sido repassar a minha vida, os meus pensamentos, fantasias, memórias, lapsos de memória e coisas do género, até me deparar com acontecimentos, pessoas ou narrativas que possa utilizar para distrair o meu pensamento do corpo em que está encerrado. Estes exercícios mentais têm de ser suficientemente interessantes para prender a minha atenção e me fazerem aguentar uma comichão exasperante dentro do ouvido ou no fundo das costas; mas também têm de ser suficientemente aborrecidos e previsíveis para servir de prelúdio eficaz e de ajuda para dormir.

Levou-me algum tempo a identificar este processo como alternativa exequível para a insónia e o desconforto físico, e não é de modo nenhum infalível. Mas fico, por vezes, admirado, quando reflicto sobre o assunto, ao ver como pareço pronto a ultrapassar, noite após noite, semana após semana, mês após mês, o que antes era uma provação diária quase insuportável. Acordo exactamente na mesma posição, estado de espírito e sensação de desespero suspenso de quando fui para a cama - o que nas presentes circunstâncias deve ser tido como um feito considerável.
"

Tony Judt, excerto de Noite.