segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A hipocrisia no sector do ensino





Numa entrevista recente, Passos Coelho esclareceu que a situação do desemprego docente vai aumentar devido ao decréscimo demográfico e aconselhou os docentes desempregados, e os alunos que se estão a formar para o desemprego nas escolas superiores de educação, a fazerem uma reconversão profissional ou a emigrarem, em especial, para os países de língua portuguesa com recursos — Angola, Timor, Moçambique e Brasil — e com os quais existe acordos de cooperação no sector do ensino.

Seguiu-se um coro de hipócritas: A. J. Seguro, a Fenprof, Carvalho da Silva e... Marcelo Rebelo de Sousa.

Debrucemo-nos mais pormenorizadamente sobre este assunto:
  • Em 2010, o Número médio de filhos por mulher foi 1,37 (para manter a população actual deveria ser 2).
  • Os tempos lectivos das áreas curriculares não disciplinares — área projecto, estudo acompanhado, formação cívica — criadas pelos governos Guterres desaparecem, por completo, no ano lectivo 2012-13, não sendo compensados, na totalidade, pelo aumento de tempos lectivos nas disciplinas essenciais — Português, História, Geografia, Matemática, Ciências Físico-Químicas e Ciências Naturais — da recente revisão da estrutura curricular.
  • Em todas as disciplinas passa a haver um único professor na sala de aula.
  • Há mais de uma dúzia de escolas superiores de educação públicas — Algarve, Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Lisboa, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Viseu —, a maioria nas mãos dos socialistas e Mariano Gago concedia-lhes imensas vagas.
  • Há numerosas escolas superiores de educação privadas — ESE de Almeida Garret, de João de Deus, de Paula Frassinetti, de Piaget, de Torres Novas, ...

Impõe-se perguntar:
É possível empregar no sector do ensino, em Portugal, todos os educadores de infância e professores que estas escolas estão a formar?
Esta situação deve ser escondida, ou abordada com clareza?
Quando confrontado com o problema, o primeiro-ministro deve desviar a conversa, ou propor alternativas?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Revisão da Estrutura Curricular


O Ministério da Educação e Ciência apresentou hoje às sociedades científicas, associações profissionais e Conselho de Escolas a proposta-base da Revisão da Estrutura Curricular, dando início a um período de consulta pública.
A organização curricular actual e a revisão proposta para o ano lectivo 2012/2013 encontram-se resumidas nos quadros seguintes:

2º ciclo


3º ciclo


Secundário


Em resumo:
No 2º ciclo, há redução de 3 tempos lectivos (45 minutos) em cada turma.
No 3º ciclo, reduz-se 1 tempo lectivo no 8º ano e 4 tempos lectivos no 9º ano, em que os alunos têm de estudar para os exames nacionais.
No ensino secundário, reduz-se, em média, 1 tempo lectivo no 10º e 11º anos, havendo redução de 6 tempos lectivos no 12º ano, em que também há exames nacionais.

Entre as medidas agora propostas pelo Ministro Nuno Crato, queremos destacar as seguintes:
  • aposta no conhecimento estruturante, mantendo o reforço da Língua Portuguesa e da Matemática;
  • garantia de uma aprendizagem mais consolidada da língua inglesa, tornando-a disciplina obrigatória ao longo de um mínimo de 5 anos;
  • maior rigor na avaliação, nomeadamente, através da introdução de exames nacionais no 6.º ano.
  • eliminação da disciplina de Formação Cívica nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no 10.º ano, mantendo a relevância dos seus conteúdos de modo transversal;

  • substituição da disciplina de Educação Visual e Tecnológica pelas disciplinas de Educação Visual e de Educação Tecnológica, no 2.º ciclo, cada uma com programa próprio e cada uma com um só professor;
  • prestação de maior apoio ao aluno, através da oferta de apoio diário ao estudo no 2.º ciclo;
  • antecipação da aprendizagem das Tecnologias de Informação e Comunicação para o 2º ciclo, garantindo aos alunos mais jovens uma utilização segura dos recursos digitais e um acesso universal à informação e comunicação;
  • eliminação do desdobramento em Ciências da Natureza, no 2.º ciclo, pois a actividade experimental a este nível pode ser efectuada com toda a turma;

  • aposta no conhecimento científico através do reforço de tempos lectivos nas ciências experimentais no 3.º ciclo;
  • alteração do modelo de desdobramento de aulas nas ciências experimentais do 3.º ciclo, através de uma alternância entre as disciplinas de Ciências Naturais e de Físico-Química;
  • valorização do conhecimento social e humano, área essencial do currículo no 3.º ciclo, reforçando os tempos lectivos nas disciplinas de História e de Geografia;

  • manutenção do reforço da carga horária nas disciplinas bienais da formação específica, no Ensino Secundário, de Física e Química e Biologia e Geologia;
  • focalização da atenção do aluno no conhecimento fundamental pela redução do número de disciplinas de opção anual no final do Ensino Secundário.
  • actualização do leque de opções da formação específica, no Ensino Secundário, tendo em conta o prosseguimento de estudos e as necessidades do mercado de trabalho, criando novas disciplinas (e.g. Programação informática);

Finalizamos com estas palavras de Nuno Crato proferidas hoje, em Caparide:

"A revisão agora apresentada reduz a dispersão curricular, centrando mais o currículo nos conhecimentos fundamentais e reforçando a aprendizagem nas disciplinas essenciais.
Os pressupostos que orientam as medidas propostas assentam na definição de objectivos claros, rigorosos, mensuráveis e avaliáveis, reorientando o ensino para os conteúdos disciplinares centrais.
"