domingo, 25 de março de 2012

Morreu mais um jovem finalista do secundário em Lloret de Mar


Um jovem de 17 anos, residente em Castro Verde, morreu hoje depois de cair do 5º andar do hotel onde estava alojado na localidade de Lloret de Mar, em Espanha.

Fonte policial diz que não se tratou de um caso de balconing, prática em que jovens se lançam das varandas dos hotéis para as piscinas. Há testemunhos que confirmam ter sido uma queda acidental em circunstâncias que estão a ser averiguadas.

Era aluno do 12.º ano da Escola Secundária de Castro Verde e o director deste estabelecimento de ensino disse que o adolescente partiu na sexta-feira ao final do dia para a viagem de finalistas do ensino secundário com cerca de 20 colegas da mesma escola. Acrescentou que a escola não esteve envolvida na organização da viagem e os alunos não foram acompanhados por professores.


Há dois anos um jovem de Lamego, também de 17 anos, morreu na sequência de uma queda da varanda do 4º andar de um hotel em Lloret de Mar.
A Polícia de Girona disse, nessa altura, que os indícios apontavam para uma “queda acidental” ocorrida quando o jovem se encontrava numa varanda de um empreendimento turístico daquela cidade.



24.03.2012 21:03
A fiscalização da GNR não foi suficiente para evitar mais uma morte


Milhares de jovens portugueses continuam a deslocar-se todos os anos a Lloret de Mar na altura da Páscoa, em viagem de finalistas.

Há algumas décadas, quando os pais ainda se preocupavam com o futuro dos seus filhos, as férias da Páscoa eram bem aproveitadas pelos jovens.
Em parte, para descansarem porque tinham pela frente o último período do final de ensino secundário seguido por uma época de seis exames exigentes e, noutra parte, para reverem as matérias sobre as quais incidiam esses exames.

Lloret de Mar não é um local de descanso ou de saudável distracção. É uma estância balnear em que só há discotecas onde circulam álcool e outras drogas. Os acidentes são frequentes e esta já é a segunda morte.

Quantas mais mortes serão necessárias para que os pais portugueses compreendam que não devem autorizar a participação dos filhos em viagens de finalistas do ensino secundário para destinos perigosos para os adolescentes como Lloret de Mar?

Um pouco de amor aos filhos, precisa-se!








segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A hipocrisia no sector do ensino





Numa entrevista recente, Passos Coelho esclareceu que a situação do desemprego docente vai aumentar devido ao decréscimo demográfico e aconselhou os docentes desempregados, e os alunos que se estão a formar para o desemprego nas escolas superiores de educação, a fazerem uma reconversão profissional ou a emigrarem, em especial, para os países de língua portuguesa com recursos — Angola, Timor, Moçambique e Brasil — e com os quais existe acordos de cooperação no sector do ensino.

Seguiu-se um coro de hipócritas: A. J. Seguro, a Fenprof, Carvalho da Silva e... Marcelo Rebelo de Sousa.

Debrucemo-nos mais pormenorizadamente sobre este assunto:
  • Em 2010, o Número médio de filhos por mulher foi 1,37 (para manter a população actual deveria ser 2).
  • Os tempos lectivos das áreas curriculares não disciplinares — área projecto, estudo acompanhado, formação cívica — criadas pelos governos Guterres desaparecem, por completo, no ano lectivo 2012-13, não sendo compensados, na totalidade, pelo aumento de tempos lectivos nas disciplinas essenciais — Português, História, Geografia, Matemática, Ciências Físico-Químicas e Ciências Naturais — da recente revisão da estrutura curricular.
  • Em todas as disciplinas passa a haver um único professor na sala de aula.
  • Há mais de uma dúzia de escolas superiores de educação públicas — Algarve, Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Lisboa, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Viseu —, a maioria nas mãos dos socialistas e Mariano Gago concedia-lhes imensas vagas.
  • Há numerosas escolas superiores de educação privadas — ESE de Almeida Garret, de João de Deus, de Paula Frassinetti, de Piaget, de Torres Novas, ...

Impõe-se perguntar:
É possível empregar no sector do ensino, em Portugal, todos os educadores de infância e professores que estas escolas estão a formar?
Esta situação deve ser escondida, ou abordada com clareza?
Quando confrontado com o problema, o primeiro-ministro deve desviar a conversa, ou propor alternativas?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Revisão da Estrutura Curricular


O Ministério da Educação e Ciência apresentou hoje às sociedades científicas, associações profissionais e Conselho de Escolas a proposta-base da Revisão da Estrutura Curricular, dando início a um período de consulta pública.
A organização curricular actual e a revisão proposta para o ano lectivo 2012/2013 encontram-se resumidas nos quadros seguintes:

2º ciclo


3º ciclo


Secundário


Em resumo:
No 2º ciclo, há redução de 3 tempos lectivos (45 minutos) em cada turma.
No 3º ciclo, reduz-se 1 tempo lectivo no 8º ano e 4 tempos lectivos no 9º ano, em que os alunos têm de estudar para os exames nacionais.
No ensino secundário, reduz-se, em média, 1 tempo lectivo no 10º e 11º anos, havendo redução de 6 tempos lectivos no 12º ano, em que também há exames nacionais.

Entre as medidas agora propostas pelo Ministro Nuno Crato, queremos destacar as seguintes:
  • aposta no conhecimento estruturante, mantendo o reforço da Língua Portuguesa e da Matemática;
  • garantia de uma aprendizagem mais consolidada da língua inglesa, tornando-a disciplina obrigatória ao longo de um mínimo de 5 anos;
  • maior rigor na avaliação, nomeadamente, através da introdução de exames nacionais no 6.º ano.
  • eliminação da disciplina de Formação Cívica nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no 10.º ano, mantendo a relevância dos seus conteúdos de modo transversal;

  • substituição da disciplina de Educação Visual e Tecnológica pelas disciplinas de Educação Visual e de Educação Tecnológica, no 2.º ciclo, cada uma com programa próprio e cada uma com um só professor;
  • prestação de maior apoio ao aluno, através da oferta de apoio diário ao estudo no 2.º ciclo;
  • antecipação da aprendizagem das Tecnologias de Informação e Comunicação para o 2º ciclo, garantindo aos alunos mais jovens uma utilização segura dos recursos digitais e um acesso universal à informação e comunicação;
  • eliminação do desdobramento em Ciências da Natureza, no 2.º ciclo, pois a actividade experimental a este nível pode ser efectuada com toda a turma;

  • aposta no conhecimento científico através do reforço de tempos lectivos nas ciências experimentais no 3.º ciclo;
  • alteração do modelo de desdobramento de aulas nas ciências experimentais do 3.º ciclo, através de uma alternância entre as disciplinas de Ciências Naturais e de Físico-Química;
  • valorização do conhecimento social e humano, área essencial do currículo no 3.º ciclo, reforçando os tempos lectivos nas disciplinas de História e de Geografia;

  • manutenção do reforço da carga horária nas disciplinas bienais da formação específica, no Ensino Secundário, de Física e Química e Biologia e Geologia;
  • focalização da atenção do aluno no conhecimento fundamental pela redução do número de disciplinas de opção anual no final do Ensino Secundário.
  • actualização do leque de opções da formação específica, no Ensino Secundário, tendo em conta o prosseguimento de estudos e as necessidades do mercado de trabalho, criando novas disciplinas (e.g. Programação informática);

Finalizamos com estas palavras de Nuno Crato proferidas hoje, em Caparide:

"A revisão agora apresentada reduz a dispersão curricular, centrando mais o currículo nos conhecimentos fundamentais e reforçando a aprendizagem nas disciplinas essenciais.
Os pressupostos que orientam as medidas propostas assentam na definição de objectivos claros, rigorosos, mensuráveis e avaliáveis, reorientando o ensino para os conteúdos disciplinares centrais.
"


domingo, 6 de novembro de 2011

A visita do asteróide 2005 YU55


Imagem de radar do asteróide 2005 YU55 obtida em Arecibo, em 19 de Abril de 2010


A órbita elíptica do asteróide 2005 YU55 é bem conhecida.
Passou a 2,3 milhões de quilómetros da Terra, em 19 de Abril do ano passado, e agora vai passar, de novo, pelo nosso planeta.
O momento de aproximação mínima ocorrerá em 8 de Novembro às 15:28 PST (Pacific Standard Time, ou seja, 23:28 em Lisboa). Nesse ponto mais próximo estará a 324.600 km da Terra, ou seja, 0,85 da distância da Lua à Terra, e deslocar-se-á com a velocidade de 13,7 Km/s.

Este movimento rápido será facilmente observável usando um pequeno telescópio com uma lente de 15 cm ou superior (nesse momento o asteróide deve atingir a magnitude 11 ou 12). Como está a aproximar-se a partir da direcção do Sol, não será visível à noite até 8 de Novembro. Depois mover-se-á para fora da órbita da Terra.


Animation of the trajectory for asteroid 2005 YU55
Animação da trajectória do asteróide 2005 YU55 (clicar para ampliar)


O asteróide 2005 YU55 foi descoberto por Robert McMillan num programa de observação do espaço da NASA, em 28 de Dezembro de 2005.
Este seu encontro com a Terra é o mais próximo dos últimos 200 anos — além de que a última vez que um asteróide, de tamanho tão grande, passou tão perto, foi em 1976, mas sem conhecimento prévio, e só passará outro em 2028 —, pelo que representa uma oportunidade científica inestimável.
Os cientistas da NASA vão acompanhar a trajectória do asteróide 2005 YU55 do pólo Deep Space Network em Goldstone, Califórnia, quatro horas por dia, pelo menos, entre 6 e 10 de Novembro. Os radiotelescópios do observatório de Arecibo, Porto Rico, também vão captar imagens de radar muito nítidas que permitirão construir modelos tridimensionais do asteróide.
Graças às microondas emitidas pelos radiotelescópios de Goldstone e de Arecibo e ainda aos telescópios ópticos e de infravermelhos vai ser possível determinar a sua composição mineral.

No entanto, não há qualquer perigo de colisão com a Terra ou com a Lua e, como tem o tamanho de um porta-aviões, o efeito gravitacional sobre o nosso planeta é tão insignificante que nem sequer afectará as marés ou as placas tectónicas.


Características físicas e orbitais:
________________________________________________
semi-eixo maior
periélio (distância mínima do Sol)
afélio (distância máxima do Sol)
excentricidade
inclinação (em relação ao plano da órbita da Terra)
período de translação
período de rotação
diâmetro (tem forma arredondada)
________________________________________________


__________
1,143 UA
0,652 UA
1,633 UA
0,43
0,5º
446 dias
18 h
400 m
__________




Gráfico elaborado por um astrónomo amador de Tampa, Florida, na costa leste dos EUA. A aproximação máxima à Terra ocorre às 23:28 UTC (6:28 p.m. EST, na Florida), sendo visível a sudoeste para os observadores na Florida. Nesse momento o asteróide 2005 YU55 vai deslizar um grau por cada 7 minutos, movimento facilmente perceptível após alguns minutos de observação com uma potência baixa. O asteróide vai passar através das constelações da Águia, Delfim e Pégaso.




Perseguir o sonho.


domingo, 30 de outubro de 2011

Mudar o ensino - II


O governo de José Sócrates perdeu as eleições em 5 de Junho mas nestes quatro meses, apesar do empenho do ministro Nuno Crato, o ensino pouco mudou.

O Ministério da Educação fez uma rápida reorganização curricular em que
  • eliminou a Área de projecto, uma área curricular não disciplinar que mantinha dois professores na sala de aula para vigiar uma turma de alunos que se dedicava a fazer trabalhos sobre temas gerais — alimentação, droga, futebol, moda, ... — pelo método de navegação na Internet seguida de ‘copiar&colar’ e impressão a cores na fotocopiadora da Biblioteca/Centro de recursos;
  • diminuiu o número de tempos lectivos reservados às outras áreas não disciplinares;
  • aumentou o número de tempos lectivos em Português e Matemática;
  • substituiu as provas de aferição do 6º ano por provas de exames nacionais.
A carga horária semanal do 2º ciclo não sofreu a mínima alteração para os alunos, apenas há uma transferência de tempo das áreas curriculares não disciplinares para duas áreas disciplinares — Português e Matemática. Do lado dos docentes houve uma perda de 5 tempos lectivos de 45 minutos, distribuídos pelos 5º e 6º anos.
No 3º ciclo desapareceram 2 tempos lectivos de 45 minutos, um no 7º e outro no 8º ano, tanto nos horários dos alunos como dos docentes.

Se reduziu em alguns milhares o número de contratos docentes, foi porque
  • acabou com a redução de horário dos avaliadores internos no modelo de avaliação docente;
  • acabou com a redução de horário dos professores que prestavam serviço nas cinco Direcções Regionais de Educação no âmbito da avaliação docente;
  • não autorizou a criação de novas turmas no Novas Oportunidades (NO), um curso que diplomava mas não qualificava os alunos adultos.

Não deve surpreender, portanto, que o ministro Nuno Crato tencione fazer agora uma reorganização curricular mais profunda que leve a uma diminuição dos tempos lectivos dos alunos.
A separação de Educação Visual e Tecnológica (EVT) em duas componentes — Educação Visual e Educação Tecnológica — é bem-vinda porque não é mais difícil leccionar EVT que qualquer outra disciplina, não se justificando a existência do par pedagógico.
Os alunos só têm Introdução às Tecnologias de Informação e Comunicação no 9º ano. Começam, porém, a usar o computador como brinquedo durante a infância, demonstrando uma invejável velocidade de digitação quando chegam ao 5º ano. Nessa altura, o uso dos processadores de texto é estimulado pelos professores de Línguas e Humanidades e a folha de cálculo pelos docentes de Matemática. Se ITIC desaparecer, nem se vai notar.

Entretanto os directores das escolas continuam a defender a ideologia socialista, a impor a elaboração de documentos burocráticos que afasta os professores da preparação das aulas e a atrofiar os alunos entretendo-os com actividades de animação cultural, em geral exteriores à escola e com custos financeiros significativos para as famílias, que se mantêm no modelo de avaliação docente apesar do ministro Nuno Crato querer os professores concentrados nas aprendizagens dos alunos.


Mas na última reunião do departamento de Matemática e Ciências Experimentais vimos os docentes do quadro que se encontram nos primeiros escalões criticar o facto do coordenador do departamento e dos docentes de escalões mais elevados só se terem debruçado sobre as metas da ex-ministra Isabel Alçada, as actividades do projecto de escola e a criação de novas turmas do curso NO, em vez de se preocuparem com o ensino dos alunos.

Foram eles que propuseram a organização do espaço esola, com a criação de um ambiente de trabalho dentro do edifício da escola, sem correrias nos corredores e ruído durante o período das aulas, em oposição ao ambiente de brincadeira, natural e bem-vindo durante os intervalos, nos pátios de recreio.

Foram eles que salientaram a importância das aprendizagens em Português na interpretação dos textos usados em todas as disciplinas e da Matemática no desenvolvimento da capacidade de abstracção.

Foram eles que alertaram para o facto de a economia só principiar a crescer quando as escolas começarem a lançar no mercado do trabalho alunos que desenvolveram hábitos de trabalho e que conseguem ler, escrever e interpretar textos, possuem conhecimentos de História e Geografia, sabem matematizar problemas da vida quotidiana e assimilaram noções elementares de Biologia, Química e Física.

Como se pode resolver este antagonismo?
Criando provas de avaliação de conhecimentos científicos e pedagógicos não só no acesso à carreira docente, mas também no acesso às carreiras de director de agrupamento de escolas, de inspector com funções administrativas e de avaliador externo.

domingo, 25 de setembro de 2011

O Sol e as auroras


Depois da beleza da aurora austral que a Estação Espacial Internacional nos permitiu desfrutar, uma breve explicação sobre as auroras.

O vento solar é uma corrente de partículas com carga eléctrica, proveniente do Sol, que altera as linhas de força do campo magnético da Terra dando ao escudo magnético do planeta — magnetosfera — a forma de uma lágrima:


Quando o fluxo de partículas — electrões e protões — é muito intenso, algumas conseguem penetrar na atmosfera por um cone deformado criado pelas linhas de força do campo nos pólos magnéticos.
Na camada superior da atmosfera, estas partículas de elevada energia chocam com átomos de oxigénio ou de azoto que depois se desexcitam emitindo luz vermelha, verde, azul e violeta:



Terminamos com um filme belíssimo de Ole C. Salomonsen sobre as auroras boreais:




sábado, 24 de setembro de 2011

Uma aurora austral






Esta visão deslumbrante da aurora foi obtida a partir da Estação Espacial Internacional, enquanto atravessava o Sul do Oceano Índico em 17 de Setembro de 2011. O filme foi acelerado e abrange o intervalo de tempo 12:22 - 12.45 Eastern Time (hora da costa leste dos EUA, ou seja, menos 5 horas que em Portugal).

Embora as auroras sejam observadas frequentemente perto dos pólos, esta aurora apareceu em latitudes mais baixas devido a uma tempestade geomagnética causada por uma emissão solar.
A inserção de partículas com carga eléctrica no campo magnético da Terra distorce este campo criando uma região em redor do planeta chamada magnetosfera. Oriundas do Sol, as partículas percorrem as linhas de força da magnetosfera e são, em geral, deflectidas, mas algumas conseguem chegar à atmosfera terrestre através das cúspides polares e originam as auroras boreais e austrais.

Magnetosfera

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Beethoven - Sinfonia n.º 9 em Ré menor, Op. 125


Depois da reunião geral do pessoal docente, entre muitos rostos sombrios mas decididos a dar luta ao ministro, que só concedeu dez horas semanais para distribuir por um grupo de compadrio enorme, tardava esta alegria.

Dois meses depois, Nuno Crato cumpre a promessa feita no parlamento:

"O ministério da Educação é uma máquina gigantesca que, em muitos aspectos, se sente dona da educação em Portugal. Eu quero acabar com isso."


Beethoven - Sinfonia n.º 9 em Ré menor, Op. 125 IV Presto-Allegro ma non troppo
An die Freude — Ode à Alegria







quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Universidade do Porto entre as 400 melhores do mundo


A Universidade do Porto ocupa, pela primeira vez, um lugar entre as 400 melhores universidades do mundo no Academic Ranking of World Universities 2011.

Depois de nos últimos quatro anos ter sido sempre classificada no intervalo das 401 a 500 melhores universidades do mundo, esta subida é explicada na introdução:
"

Com 61 unidades de investigação, a Universidade é responsável por mais de 20% dos artigos Portugueses indexados anualmente no ISI Web of Science. Três quartos de suas unidades de investigação foram classificados com ‘Excelente’ ou ‘Muito Bom’ pelas últimas avaliações internacionais. De facto, a Universidade do Porto tem alguns dos centros de I&D Portugueses mais produtivos e reconhecidos internacionalmente. Nos últimos anos, a Universidade tem vindo a apostar em fornecer maior valor económico à produção científica e das parcerias recentes com os líderes da indústria Portuguesa já resultaram diversas inovações de sucesso comprovado nos mercados nacional e internacional". 



A outra universidade portuguesa a figurar neste ranking é a Universidade de Lisboa, entre a 401.ª e a 500.ª posições.

O Instituto Superior Técnico (IST) não terá hipótese de entrar em qualquer ranking enquanto pertencer à Universidade Técnica de Lisboa, a terceira universidade reconhecida em Portugal, mas que não consegue entrar no ranking devido à fraca prestação da maioria dos seus institutos.

O topo da tabela é dominado pelos Estados Unidos da América, com oito instituições nas dez primeiras posições, sendo as três primeiras ocupadas pela Harvard University, Stanford University e Massachusetts Institute of Technology (MIT).


O Academic Ranking of World Universities (ARWU), vulgarmente conhecido como o Shanghai ranking, é uma publicação coligida pela Shanghai Jiaotong University desde 2003.

Este ranking compara 1200 instituições de ensino superior em todo o mundo, de acordo com a seguinte metodologia: uma fórmula onde entra o número de ex-alunos detentores de prémios Nobel e medalhas Fields (10%), professores vencedores prémios Nobel e medalhas Fields (20%), investigadores classificados entre os mais citados em 21 categorias de assuntos (20%), artigos publicados nas revistas Nature e Science (20%), no Science Citation Índex e Social Sciences Citation Índex (20%) e o desempenho académico per capita (nos anteriores indicadores) de cada instituição (10%).

O ARWU é considerado um dos três mais influentes rankings universitários internacionais, em conjunto com o QS World University Ranking e o Times Higher Education World University Ranking.


sexta-feira, 29 de julho de 2011

O modelo de avaliação docente de Nuno Crato - I


No final da primeira ronda com os sindicatos de professores, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) entregou uma nota aos jornalistas, onde afirma querer "iniciar tranquilamente o novo ano lectivo com um novo modelo de avaliação aprovado em que os professores, directores de escola e Ministério, se revejam" e divulga os princípios do novo modelo de avaliação docente:
  1. A avaliação continuará a contar para efeitos de concurso. Mas a preocupação do MEC é que "nenhum professor avaliado pelo modelo actual seja prejudicado" por isso, no final do primeiro ciclo de avaliação com o novo modelo, "os professores poderão optar pela melhor classificação obtida num dos ciclos já realizados".

    (Um suspiro de alívio soltado pelos directores dos agrupamentos de escolas, pelos seus grupos de compadrio e pela sabujice que orbita à sua volta que já asseguraram uma boa classificação. E também pelos sindicalistas, claro.)

  2. Os ciclos de avaliação vão coincidir com a duração dos escalões da carreira docente, i.e. passarão de dois para quatro anos.

    (Diminui a burocracia, logo apoiado.)

  3. As aulas observadas serão efectuadas por professores exteriores à escola do professor avaliado.
 "Não queremos que exista conflitos de interesses entre avaliados e avaliadores. Estes terão de pertencer a um escalão mais avançado e ao mesmo grupo disciplinar do avaliado." Esta última condição é essencial para avaliar o modo como os conteúdos são transmitidos: "Queremos saber se o professor é eficiente."

    (Não basta a avaliação ser externa, é essencial saber como serão escolhidos os professores avaliadores.
    Se forem seleccionados após provas perante professores de universidades públicas da disciplina que leccionam, muito bem.
    Se forem escolhidos pelos directores dos agrupamentos de escolas, directa ou indirectamente através dos conselhos pedagógicos, ou nomeados pelas direcções regionais socialistas, então nada mudará.

    É preciso não esquecer os grupos disciplinares iniciados por 2.
    No grupo de recrutamento 230 - Matemática e Ciências da Natureza, e.g., há uma diversidade de licenciaturas — Matemática, Física, Biologia, Farmácia, diversas engenharias, ensino da Matemática, ensino das Ciências Naturais — e até docentes com um diploma de estudos superiores especializados (DESE) em Administração Escolar que nem sequer é equivalente a licenciatura. Um dos grandes problemas dos maus resultados em Matemática no 2º ciclo está aqui.
    Pelo menos permita-se que estes docentes se movimentem para um dos grupos 500, 510, 520, 530, 540 ou 550 do departamento de Matemática e Ciências Experimentais. Aliás o 230 devia ser posto em vias de extinção pois é uma coutada das ESE.
    Ou pretende-se pôr um professor de Matemática a ser avaliado por outro de Ciências da Natureza, já que ambos pertencem ao 230?)
O ministro comprometeu-se a apresentar propostas concretas aos sindicatos até 12 de Agosto e propôs que o processo negocial estivesse concluído em 31 de Agosto.
Os sindicatos declinaram porque estão de férias neste período. Ficou acordado que as rondas negociais começarão no dia 22 e terminarão a 9 de Setembro.

Falando aos jornalistas no final da ronda com os sindicatos, Nuno Crato lembrou que o estabelecimento de percentagens máximas para as classificações de Muito Bom e Excelente faz parte da "regulamentação da função pública" pelo Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho da Administração Pública (SIADAP), aprovado em 2007. 

João Dias da Silva, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), indicou que na reunião "não houve referências às quotas". Já Mário Nogueira, da Federação Nacional de Professores (Fenprof), declarou que "se houver quotas, haverá desacordo".



O actual ministro da Educação e Ciência é um dos professores universitários que melhor conhece as doenças do ensino básico e secundário e há largos anos luta contra o "eduquês".
Se Nuno Crato não conseguir reformar o Ensino, ninguém o reformará.




segunda-feira, 18 de julho de 2011

Reflexão sobre os resultados dos exames nacionais


Sendo reconhecido que são preocupantes os resultados dos exames nacionais 2011 do ensino básico, torna-se necessário descobrir as causas.
Relativamente ao exame de Matemática, cujo enunciado se encontra no website do GAVE, pode-se confirmar que as questões incidem sobre os conteúdos programáticos essenciais dos 7º, 8º e 9º anos, estão formuladas com correcção científica e clareza e os critérios de classificação não levantam dúvidas aos docentes que receberam uma boa formação científica em Matemática.
Portanto é preciso procurar as causas do insucesso na sociedade civil e, em particular, nas escolas.

1. A função dos professores não é substituir os pais

Num livrinho da escola primária vi uma imagem dos apóstolos com línguas de fogo a descerem do céu sobre as suas cabeças e uma inscrição: "O Espírito Santo desceu sobre os apóstolos e encheu-os de sabedoria."
Deslumbrei-me.
Perguntei à minha mãe, católica fervorosa que no dia do aniversário media a minha altura com velas para oferecer à Nossa Senhora, onde se adquiria as línguas de fogo da sapiência. Passou-me as mãos pelos cabelos.
O meu pai, ateu empedernido que saia de casa para o trabalho às sete da manhã e regressava às oito da noite mas ainda arranjava uma hora depois do jantar para ver os meus trabalhos da escola, respondeu: "Começa a ler em voz alta o texto do trabalho de casa e deixa-te de palavreado."

Lembrei-me deste episódio ao ler no artigo "Há uma obsessão pelos resultados nos exames e depois não se faz nada com eles para melhorar as aprendizagens" esta troca de comentários entre um professor e um encarregado de educação:

"Genericamente, os alunos que têm bons resultados são filhos de pais que se preocupam e exigem. Os que têm piores resultados têm pais que se demitem, entregam os filhos à escola e não querem saber."
E o que diz a Confap disto? "Dizer que as crianças têm de ir estudar para casa é uma irresponsabilidade, até porque a maior parte dos pais não tem o 9.º ano e, portanto, não os consegue acompanhar", descarta Albino Almeida, para quem "as escolas deviam começar por se organizar para, tal como na Finlândia, garantirem acompanhamento nas férias aos alunos que vão procurar, na segunda oportunidade, superar os maus resultados".
"Poder, podiam", contrapõe o presidente da ANDE, não fosse dar-se o risco de essas aulas ficarem vazias. "No período que mediou entre o fim das aulas e o início dos exames, houve todos os dias reforço a Português e a Matemática e os alunos simplesmente não apareciam."

Nem um milagre consegue substituir o estudo e a vontade de adquirir o conhecimento e é na família que isto se aprende.

2. A função dos professores é ensinar

Os professores têm, ou pelo menos devem ter, uma especialização de nível superior sobre os assuntos que ensinam. Embora os manuais tenham sido submetidos a avaliação nos últimos anos e haja uma melhoria na qualidade, são um apoio para o aluno, os professores não podem colar-se ao manual sob pena de sofrerem uma regressão cultural.

Há um par de meses, em conversa com o coordenador do departamento de Matemática e Ciências Experimentais, o colega confidenciou-me que o trabalho burocrático é tanto que todos os docentes só pensavam nas matérias que ensinam quando estão dentro da sala de aula.
Tentei que se apercebesse da gravidade da situação e fizesse algo de útil mas estava preso dentro de um sistema educativo que ele próprio ajudou a criar ao defender a política educativa socialista.
Resumidamente, o que se passa é que os docentes se transformaram
  • em mangas de alpaca desperdiçando o seu tempo a preencher tabelas de avaliação, como esta:


  • em animadores culturais desenvolvendo miríades de actividades, dentro e fora da escola, cujo ponto alto é a elaboração de um repolhudo relatório. Veja-se este exemplo de um dos quatro departamentos de uma escola e relativo a dois períodos do corrente ano escolar:




O que é aqui essencial? As olimpíadas, a visita ao planetário Gulbenkian, os testes do GAVE, o coastwatch e pouco mais. O resto é para docentes e discentes se dispersarem.
Estas tabelas e relatórios não têm outro préstimo, senão irem encher um dos inúmeros arquivadores que depois irão deliciar os inspectores que anualmente vêm avaliar a escola.
É certo que os resultados dos alunos nos exames nacionais são um dos parâmetros de avaliação, mas apenas um, entre muitos não essenciais que ocuparam o foco das atenções.

No escasso tempo restante é que os professores vão para a sala de aula debitar o manual e depois, nas reuniões dos conselhos de turma para avaliação dos alunos, decide-se o sucesso com base em critérios de avaliação que privilegiam a parte afectiva em detrimento dos aspectos cognitivos.

Mesmo no que respeita a observação de aulas pelos avaliadores — nomeados indirectamente pelo director através dos coordenadores de departamento e que, em geral, têm uma fraca formação científica na disciplina leccionada pelo avaliado — o importante não é, obviamente, o conteúdo da aula ou a maneira como o assunto é exposto.
O que importa são os impressos que avaliador e avaliado têm de preencher por cada aula observada.
O que importa é o powerpoint de planificação da aula com uma dúzia de diapositivos com conversa fiada sobre estratégias, reflexões e objectivos copiados do programa da disciplina, na ordem em que lá estão, mesma que não seja a mais adequada à exposição do assunto da aula.
O esboço da aula, que o professor que não debita manual faz durante a preparação da aula, com as noções que vai transmitir, os exemplos que vai dar e os exercícios de aplicação que vai propor aos alunos, e que exige a consulta de muitos livros e uma prolongada reflexão fora do espaço escola, não aparece em lado nenhum porque não é considerado importante.

Raros foram os docentes que se afastaram deste processo, cientes de que o País iria à falência com esta política educativa, e investiram em trabalho sobre os conteúdos programáticos do 5º ao 12º ano. Puseram em risco a sua avaliação e até a permanência na carreira se o partido socialista se tivesse mantido no poder até 2013.
O que os surpreende é que, apesar das escolas, nos últimos anos, se terem concentrado em actividades de entretimento e tarefas burocráticas com prejuízo grave do Ensino, os resultados obtidos pelos alunos nos exames nacionais ainda sejam tão bons.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Os resultados dos exames nacionais de 2011 - Ensino Secundário


Na sua análise, o Ministério da Educação apenas reflecte sobre os resultados dos exames realizados pelos alunos internos, ou seja, os que frequentam as aulas o ano lectivo inteiro e obtêm aproveitamento para ir a exame.

Ora há um significativo número de alunos que anulam a matrícula por terem baixo aproveitamento, ou frequentam cursos profissionais, ou estudam por sua conta e risco. Todos estes alunos são externos ao sistema de ensino e autopropõem-se a exame.
Encontrámos um interessante estudo da distribuição das classificações de exame por disciplina onde se pode comparar os resultados dos examinandos internos e externos. Conclui-se que em línguas, ao nível do aprofundamento, estes examinandos autopropostos apresentam muito melhores resultados que os examinandos internos mas em Matemática e Ciências Experimentais passa-se justamente o oposto.
Uma cabal demonstração de que o ensino da Matemática e das disciplinas do domínio das Ciências Experimentais exige o trabalho de professores e equipamento só acessível em escolas e, portanto, o empenhamento dos governos para se obter bons resultados.

Regressemos à análise do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE). Na prova de Matemática A, realizada no 12.º ano, a média dos alunos internos desceu, em relação a 2010, de 12,2 para 10,6. No exame de Português a descida ficou pelos 14 pontos, mas para uma média negativa: 9,6.

O director do GAVE, Hélder de Sousa, supõe que a variação registada na disciplina de Português "possa reflectir uma alteração da tipologia de itens introduzida no Grupo II da prova, relativo ao Funcionamento da Língua, que traduz um acréscimo de exigência neste domínio particular da aprendizagem da língua materna".
A presidente da Associação de Professores de Português (APP), Edviges Ferreira, que foi correctora de provas, explica que neste grupo, a partir de um texto de José Saramago, pedia-se aos alunos que identificassem classes de palavras, funções sintácticas e classificassem orações. Nos exames dos anos anteriores não foram abordados estes conteúdos. E conclui: "Pelos vistos, os alunos estavam um bocado esquecidos. Já não sabiam identificar um complemento directo ou um sujeito."

Quanto aos resultados do exame de Matemática A, Miguel Abreu, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, afirmou: "Ninguém gosta de ver aumentar o número de notas negativas, mas pior seria continuar a ter dados enganadores. A descida era previsível tendo em conta que houve um aumento no grau de exigência da prova. Os resultados traduzem de maneira muito mais fiável o nível de conhecimentos dos alunos."
A presidente da Associação de Professores de Matemática, Elsa Barbosa, realçou que a média dos alunos internos é a que espelha o trabalho que é desenvolvido nas aulas e esta foi positiva. Considera que a descida relativamente ao ano passado "não é significativa" porque pode reflectir uma novidade introduzida no exame deste ano: "Existe um item que foi elaborado com o objectivo de conseguir estratificar melhor os alunos, de modo a permitir distinguir os alunos de excelência."
Efectivamente o grupo II-1 com duas questões sobre os números complexos tinha um nível de exigência superior e só alunos excelentes teriam competência para abordar a segunda questão. Mas o objectivo dos exames é justamente fazer uma distribuição dos alunos por grau de desenvolvimento de competências.
Uma nota final. Os exames têm apenas um peso de 30% na classificação final dos alunos mas, mesmo assim, 20% dos alunos ficaram reprovados nesta disciplina, a maior das percentagens de reprovações. É óbvio que os docentes de Matemática têm de rever os seus critérios de avaliação e ser mais rigorosos nas área de aquisição de conhecimentos.

O quadro seguinte (clique para aumentar) foi elaborado a partir do Relatório dos exames nacionais de 2010, publicado há uma semana pelo GAVE, e dos resultados dos exames do Ensino Secundário de 2011 hoje publicados pelo DN.
Remetemos os encarregados de educação que desejam conhecer os resultados dos seus educandos para o website do respectivo agrupamento de escolas ou escola não agrupada.




O leitor que deseje conhecer os enunciados e os critérios de classificação dos exames dos ensinos básico e secundário de 2011, pode consultar esta página.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Os resultados dos exames nacionais de 2011 - Ensino Básico


Conhecidos os resultados dos exames nacionais do 3º ciclo do Ensino Básico, o director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE), Helder de Sousa considerou que estes “reflectem o ajustamento do nível de exigência, concretizado numa acrescida complexidade de alguns dos itens e na continuação da procura de um maior rigor na definição e também na aplicação dos critérios de classificação”.

Miguel Abreu, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática manifestou-se preocupado, mais do que com a descida da média geral, com o facto de 18% dos alunos (16.324) terem sido classificados no nível 1 (em cinco), não tendo conseguido obter mais do que 19 pontos (escala 0 a 100) na prova, duplicando a percentagem do ano passado, porque “o grau de dificuldade foi semelhante ao do exame de 2010 e não justifica de todo esta diferença que é muito preocupante. (...) Cerca de um terço dos alunos que fizeram o exame chegaram ao final do ensino básico muito mal preparados”.

O quadro seguinte (clique para aumentar) foi elaborado a partir do Relatório dos exames nacionais de 2010, publicado há uma semana pelo GAVE, e dos resultados dos exames do 3º ciclo do Ensino Básico de 2011 hoje publicados pelo Público.
Os resultados de cada aluno(a) serão publicados no website da respectiva escola.



O leitor que deseje conhecer os enunciados e os critérios de classificação dos exames dos ensinos básico e secundário realizados nas 1.ª e 2.ª chamadas/fases de 2011, pode consultar esta página.

domingo, 3 de julho de 2011

Nuno Crato no círculo de fogo do escorpião


A reorganização da rede escolar começou em 2005 e, na primeira fase, visava encerrar todas as escolas do primeiro ciclo com menos de 10 alunos, tendo fechado mais de 2500 escolas.
A segunda fase começou em 2010 e levou ao encerramento de 700 escolas com menos de 21 alunos.
A nova fase do plano previa o encerramento até ao final deste mês de mais 654 escolas, mas a Associação Nacional Municípios Portugueses está a aproveitar a mudança na tutela do ministério da Educação e Ciência para adiar ad aeternum o fecho das escolas.

Sempre me maravilhou a capacidade dos portugueses chegarem a brasa à sua sardinha jurando e trejurando que estão a ajudar o próximo.
O que é uma escola com menos de 21 alunos?

A escola pode ter só ensino Básico ou pré-escolar e ensino Básico.
  1. No caso de só ter ensino Básico, a escola dispõe de uma ou duas salas e um professor do 1º ciclo.
    Vamos supor a situação mais favorável para a manutenção desta escola: existem 20 alunos. Consideremos uma distribuição com cinco crianças em cada ano de escolaridade.
    Temos um professor com quatro grupos de alunos concentrados em cada canto da sala: os que vão iniciar-se na leitura e no cálculo (1º ano), os que sabem alguma coisa (2º ano), os que já conseguem ler, escrever e conhecem os algoritmos da adição e sua inversa (3º ano) e, no último grupo, os mais avançados que sabem ler, escrever, conhecem os algoritmos da adição, subtracção e multiplicação e adquiriram algumas noções de ciências sociais e naturais (4º ano).
    Durante o dia o professor ocupa-se, em média, 90 minutos com os alunos de cada ano de escolaridade enquanto os outros, em geral, estão entretidos a fazer desenhos e pinturas ou a brincar com o Magalhães. Isto é trágico.
    Nas escolas em que todos os alunos de uma turma estejam no mesmo ano de escolaridade, as crianças estarão concentradas 4 vezes mais tempo nos conteúdos programáticos do ano que frequentam e poderão adquirir muito mais conhecimentos.

  2. Vejamos agora o segundo caso. A escola dispõe de duas salas, um educador de infância e um professor do 1º ciclo.
    Vamos supor, de novo, a situação mais favorável para a manutenção desta escola e uma distribuição equitativa.
    Na sala do ensino Básico a única diferença é que são dezasseis os alunos distribuídos pelos quatro cantos da sala. A metodologia, inexoravelmente, tem de ser a mesma, o docente tem de andar de grupo em grupo, não pode ir para o quadro explicar assuntos do 4º ano porque os alunos do 1º ano não conseguiam perceber.
    Na sala do pré-escolar o educador de infância tem que desenvolver actividades lúdicas com quatro crianças de 4 ou 5 anos e, se dispuser de equipamento, as crianças poderão desenvolver capacidades. Mas é um desperdício de recursos ter um educador, que aufere o mesmo vencimento de um professor do 12º ano, a supervisionar as actividades lúdicas de quatro crianças.
Claro que há excepções.
Claro que a deslocação das crianças é um incómodo para os autarcas que têm de organizar o transporte dos miúdos de modo a não exceder 20 minutos e, sobretudo, ouvir duras criticas dos seus pais sobre o estado a que deixaram chegar as estradas que ligam as povoações ao local do agrupamento de escolas.
Claro que o fecho das escolas é doloroso para os educadores de infância e para os professores do 1º ciclo que serão lançados no desemprego.

Mas os contribuintes pagam a educação para que as crianças possam adquirir conhecimentos e desenvolver capacidades, não é verdade?

As toupeiras do ministério, direcções regionais de educação incluídas, já começaram com as fugas de informação, logo amplificadas por associações de autarcas, confederações de pais que, muitas vezes, são simultaneamente professores e pela comunicação social.
Nuno Crato tem de tomar uma decisão sobre o fecho das escolas até ao final deste mês de Julho, senão deixar-se-á prender num círculo de fogo, como aquele que os asiáticos costumam atiçar à volta de um escorpião.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mudar o Ensino - I


De Nuno Crato espera-se que planeie e implemente uma nova política educativa, corrigindo 37 anos de persistência em erros educativos que mediocrizaram a formação da juventude e conduziram o País à estagnação económica.
Aqui fica uma proposta de docente em fim de vida profissional.

Universo: segundo dados apresentados, em Fevereiro de 2011, pela ministra da Educação e pelos secretários de Estado aos directores dos agrupamentos existem

104 106
34 361


professores do quadro
professores contratados


e 90% do orçamento do ministério da Educação é gasto em vencimentos dos docentes e restantes funcionários.


1. Reorganização dos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Encerramento de todos os serviços do ministério da Educação, com o regresso dos professores às respectivas escolas e a distribuição dos funcionários administrativos pelas secretarias dos vários estabelecimentos de ensino, excepto:
  • Gabinete de Avaliação — com as funções de produzir os programas e as provas de exames nacionais de todas as disciplinas, bem como as provas de avaliação de conhecimentos de acesso às carreiras docente, de director de agrupamento de escolas, de inspector com funções administrativas e de inspector com funções avaliativas, sua realização e correcção.
  • Gabinete de Recursos humanos — com as funções de realizar os concursos trienais de colocação de docentes, de directores de agrupamento e de inspectores.
  • Gabinete Jurídico — com a função de elaboração da legislação.
  • Parque Escolar — com as funções de manutenção dos edifícios escolares, aquisição de equipamento e de produtos consumíveis para todos os estabelecimentos escolares.
Encerramento de todos os serviços das cinco Direcções Regionais de Educação, com o regresso dos professores às respectivas escolas e a distribuição dos funcionários administrativos pelas secretarias dos vários estabelecimentos de ensino, excepto:
  • Inspecção Geral do Ensino — com as funções de inspecção administrativa e de inspecção avaliativa.


2. Organização do sistema educativo

Propõe-se a seguinte organização:

________________________________
Organização do sistema educativo
________________________________
Educação pré-escolar
________________________________
Educação escolar








________________________________

_____________
Nível de ensino
_____________

_____________
Básico
_____________
Secundário


_____________
Superior


_____________

___________
Divisões
___________

___________

___________
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
___________
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
___________

___________
Duração
___________

___________
4 anos
___________
2 anos
3 anos
3 anos
___________
3 anos
2 anos
4 anos
___________

Depois de realizarem as provas de exame do final do ensino Básico, cuja classificação pesará 30% na classificação final, os alunos seguirão para o ensino Secundário, pela via científico-humanística ou pela via profissionalizante conforme a classificação final obtida.
As classificações das provas de exame no fim de cada ciclo do ensino Secundário terão os pesos de 40, 50 e 70% na classificação final.


3. Reorganização curricular

Propõe-se a eliminação das áreas curriculares não disciplinares seguintes:
  • Área de projecto
  • Estudo acompanhado (excepto para alunos com dificuldades de aprendizagem)
  • Formação cívica.
E o aumento da carga horária semanal das seguintes disciplinas:
  • Português
  • Matemática
  • Físico-Química
  • Ciências Naturais


4. Reestruturação dos grupos de recrutamento em departamentos

Propõe-se a diminuição do número de grupos de recrutamento, podendo os docentes permanecer nos grupos a extinguir até à sua aposentação ou solicitar a sua inclusão num grupo para o qual tenham habilitação académica.

______________________________________
Grupos de recrutamento
______________________________________
100 — Educação Pré-Escolar
______________________________________
110 — Ensino Básico
______________________________________
200 — Português e Estudos Sociais/História
(a extinguir)
210 — Português e Francês (a extinguir)
220 — Português e Inglês (a extinguir)
300 — Português
310 — Latim e Grego
320 — Francês
330 — Inglês
340 — Alemão
350 — Espanhol
290 — Educação Moral e Religiosa Católica
400 — História
410 — Filosofia
420 — Geografia
430 — Economia e Contabilidade
530 — Educação Tecnológica (abrange
exclusivamente os docentes que foram
recrutados para 12.º grupo C—Secretariado)
______________________________________
230 — Matemática e Ciências da Natureza
(a extinguir)
500 — Matemática
510 — Física e Química
520 — Biologia e Geologia
530 — Educação Tecnológica (abrange
exclusivamente os docentes que foram
recrutados para os seguintes grupos de
docência:
2.º grupo—Mecanotecnia
3.º grupo—Construção Civil
12.º grupo A—Mecanotecnia
12.º grupo B—Electrotecnia)
540 — Electrotecnia
550 — Informática
560 — Ciências Agro-Pecuárias
______________________________________
240 — Educação Visual Tecnológica
(a extinguir)
250 — Educação Musical (a extinguir)
260 — Educação Física (a extinguir)
530 — Educação Tecnológica (abrange
todos os docentes recrutados para os
grupos de docência não incluídos nos
Departamentos de Línguas e Ciências Sociais
ou de Matemática e Ciências Experimentais)
600 — Artes Visuais
610 — Música
620 — Educação Física
910 — Educação Especial 1
920 — Educação Especial 2
930 — Educação Especial 3
______________________________________

________________________________
Departamentos
________________________________
Educação Pré-Escolar
________________________________
Ensino Básico
________________________________
Línguas e Ciências Sociais

















_________________________________
Matemática e Ciências Experimentais















_________________________________
Expressões














_________________________________


5. Avaliação do desempenho docente

Cada ciclo de avaliação dura três anos e os docentes são avaliados por observação de três aulas, por inspectores do grupo de recrutamento, de acordo com os seguintes parâmetros:
  • rigor científico
  • clareza da exposição
  • esclarecimento de dúvidas
podendo o docente recorrer para um júri de avaliação constituído por professores da área de leccionação das universidades públicas, sendo a classificação da Inspecção Geral do Ensino substituída pela classificação deste júri, mesmo que seja inferior.


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

As opções dependem da mentalidade dos povos





Durante o período de actividades lectivas, tenho de ir todos os dias à biblioteca da escola e aproveito para ver o que estão a fazer os alunos que aí se encontram.
Quando não há lá nenhuma aula, estão tantos alunos quantos os computadores disponíveis. E a fazer o quê? A jogar. Podem ser simuladores de desportos radicais, combates de naves espaciais, combates de artes marciais ou de guerreiros, ... Mas estão a jogar! Inquiri a funcionária: garantiu-me que é assim todo o dia.
Agora com os Magalhães os miúdos começam a viciar-se no jogo a partir do 1º ano.

Não é a primeira vez na nossa história que nos defrontamos com este fenómeno social. Recordemos que Stanley Ho estudou no Queen's College, Hong Kong e atingiu apenas a Class D porque tinha resultados académicos não satisfatórios. Depois imigrou para Macau onde criou uma rede de casinos, sendo dono de um dos maiores casinos asiáticos, o Hotel e Casino Lisboa de Macau. Alguns políticos portugueses já viram na apetência lusa para o jogo um meio de obter divisas para o país (Santana Lopes pretendia construir um casino no Parque Mayer, a expensas daquela jóia que é o Jardim Botânico da Universidade de Lisboa).

Fui dos que ficaram horrorizados com tal opção. Preferia ver os portugueses a trabalharem no desenvolvimento de produtos (bens alimentares, máquinas, medicamentos, …) que melhorassem a vida das pessoas, não nesta espécie de droga. Mas ei-la que regressa, agora a um nível mais sofisticado: jovens com competências informáticas capazes de produzirem serviços que podem ser comercializados em todo o mundo e puxar pela economia, como a empresa Seed Studios que cria jogos para a consola PlayStation 3, da Sony, com fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) 2007-2013.

Há quem procure curar doenças, há quem crie paliativos para os que estão a morrer… As opções dependem da mentalidade dos povos.





Under Siege, o videojogo da Seed Studios para a PlayStation 3 da Sony.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A noite das Perseidas


Desde há dois mil anos, pelo menos, que as Perseidas suscitam a curiosidade humana.
Todos os anos, em Agosto, a Terra passa através de uma nuvem de detritos perdidos pelo cometa Swift-Tuttle cuja órbita em torno do Sol tem o período de 133 anos.
Esses pedaços de gelo e poeira – a maioria com mais de 1000 anos – inflamam-se na atmosfera da Terra criando uma das melhores chuvas anuais de meteoros. As Perseidas podem ser vistas em quase todo o céu, embora as melhores oportunidades de visualização ocorram no hemisfério norte, e são assim chamadas porque os meteoros parecem irradiar a partir de um ponto na constelação de Perseus.





Na noite de 03 de Agosto, pelas 21:56, um meteoro das Perseidas ─ com cerca de 2,5 cm de diâmetro e deslocando-se a uma velocidade de 216 km/h ─ entrou na atmosfera 113 km acima da cidade de Paint Rock, Alabama. A essa enorme velocidade, o meteoro descreveu uma trajectória com cerca de 105 km de comprimento, incendiando-se, finalmente, 90 km acima de Macay Lake, a nordeste da cidade de Warrior. O meteoro era seis vezes mais brilhante que o planeta Vénus e seria classificado como bola de fogo pelos cientistas.
O radiante das Perseidas estava numa declinação baixa quando o meteoro apareceu ─ apenas 9,5º. Portanto, este meteoro poderia ser considerado um ”raspador terrestre" por causa da sua trajectória longa e de pequeno declive, com um ângulo de entrada na atmosfera de apenas 12º.
Foi considerado um início auspicioso para a chuva das Perseidas de 2010 que atingirá o máximo esta noite de 12 para 13 de Agosto, entre a meia-noite e a madrugada (tempo local).


Vista das Perseidas na noite de 11 de Agosto de 2010, obtida por composição de 39 eventos sobre a estação Chickamauga, da NASA, na Geórgia.



O astrónomo Bill Cooke, do Marshall Space Flight Center, da NASA, responde às questões mais frequentes:


Onde se pode ver as Perseidas?
O fenómeno será visível nos Estados Unidos, na Europa e na maior parte do planeta, excepto na zona do mapa sombreada a vermelho. Claro que é preciso estar longe das luzes da cidade e que o céu esteja limpo.
Quando se pode ver?
A partir das 10 horas, hora local, e até às 3:00 ou 4 00 da madrugada. O número de meteoros vai aumentar durante a noite, atingindo o valor de 80-100 por hora. Os nossos olhos necessitam de 45 minutos para se adaptarem à escuridão.
Como se pode ver?
Deitado de costas sobre um saco de dormir ou uma cadeira de praia e olhando para cima, abrangendo uma área do céu tão extensa quanto possível. Não convém olhar para a constelação de Perseus, onde está localizado o radiante da chuva de meteoros, senão ver-se-ão poucos meteoros. Isso acontece porque a trajectória é tanto mais longa quanto mais longe do radiante o meteoro aparecer. Portanto para ver meteoros brilhantes, é preciso olhar a certa distância de Perseus e, para os observadores no hemisfério norte, para o nordeste. Olhar para cima, para o Zénite, é uma boa escolha e permite abranger uma grande área de céu.
Não usar binóculos ou um telescópio, porque reduzem o campo de visão.


Live TV by Ustream
Um feed vídeo/áudio, ao vivo, das Perseidas. A câmara encontra-se no Marshall Space Flight Center, da NASA, em Huntsville, Alabama, e é activada pela luz: durante o dia está desligada e só acende ao entardecer. Mas continua a ouvir-se o áudio dos blips, pings e assobios de meteoros que passam no céu.

domingo, 8 de agosto de 2010

Longa é a noite dos que esperam a morte


Noite é o testemunho de um historiador e professor universitário inglês a quem foi diagnosticado esclerose lateral amiotrófica, em Março de 2008.
Como se trata da doença que afecta o físico teórico Stephen Hawking, surgiu a curiosidade de ler o seu depoimento:


"Sofro de uma neuropatia motora, no meu caso uma variante de esclerose lateral amiotrófica (ELA): a doença de Lou Gehrig. As neuropatias motoras estão longe de ser raras: a doença de Parkinson, a esclerose múltipla e uma variedade de doenças menores incluem-se todas nessa categoria. O que distingue a ELA — a menos comum nesta família de doenças neuromusculares — é, primeiro, o facto de não haver perda de sensações (o que tem vantagens e inconvenientes) e, segundo, não haver dor. Ao contrário do que sucede em quase todas as outras doenças graves ou mortais, o doente permanece, deste modo, capaz de observar livremente e com um desconforto mínimo o desastroso progresso da sua própria deterioração.

No nível de declínio em que me encontro, estou, assim, efectivamente tetraplégico. Com um esforço extraordinário, consigo mover um pouco a mão direita e consigo levar o braço esquerdo cerca de 15 centímetros pela frente do peito. As minhas pernas, embora permaneçam firmes, se eu estiver em pé, o tempo suficiente para permitir que um enfermeiro me transfira de uma cadeira para outra, não aguentam o meu peso e apenas uma delas ainda mantém algum movimento autónomo.

Deste modo, quando as minhas pernas ou os meus braços estão colocados numa determinada posição, permanecem assim até que alguém os mova por mim. O mesmo acontece com o meu tronco, tendo como resultado dores nas costas, devido à inércia e à pressão, que causam uma inflamação crónica. Como não disponho do uso dos braços, não posso coçar uma comichão, ajustar os óculos, retirar alguma partícula de comida que fique nos dentes ou qualquer outra das coisas que — como podem confirmar se pensarem por um momento — todos fazemos dezenas de vezes ao dia. O mínimo que posso dizer é que estou total e completamente dependente da bondade de estranhos (e de qualquer outra pessoa).

Durante o dia, posso, pelo menos, pedir que me cocem, que ajeitem alguma coisa, que me dêem de beber ou que me mudem simplesmente a posição dos membros dado que a imobilidade forçada durante horas sem fim não só é fisicamente desconfortável, como psicologicamente fica à beira do intolerável. Não é como se perdêssemos o desejo de nos esticarmos, de nos inclinarmos, de nos levantarmos ou deitarmos ou de correr ou mesmo fazer exercício. Mas, quando nos invade uma forte vontade de o fazer, não há nada — nada — que possamos fazer, excepto procurar algum ténue substituto ou, então, encontrar um meio de suprimir esse pensamento e a memória muscular que o acompanha.

Mas, então, chega a noite.
"


O que relata parece a sinopse de um filme de terror. Mas, admiravelmente, consegue descobrir uma saída:


"A minha solução tem sido repassar a minha vida, os meus pensamentos, fantasias, memórias, lapsos de memória e coisas do género, até me deparar com acontecimentos, pessoas ou narrativas que possa utilizar para distrair o meu pensamento do corpo em que está encerrado. Estes exercícios mentais têm de ser suficientemente interessantes para prender a minha atenção e me fazerem aguentar uma comichão exasperante dentro do ouvido ou no fundo das costas; mas também têm de ser suficientemente aborrecidos e previsíveis para servir de prelúdio eficaz e de ajuda para dormir.

Levou-me algum tempo a identificar este processo como alternativa exequível para a insónia e o desconforto físico, e não é de modo nenhum infalível. Mas fico, por vezes, admirado, quando reflicto sobre o assunto, ao ver como pareço pronto a ultrapassar, noite após noite, semana após semana, mês após mês, o que antes era uma provação diária quase insuportável. Acordo exactamente na mesma posição, estado de espírito e sensação de desespero suspenso de quando fui para a cama - o que nas presentes circunstâncias deve ser tido como um feito considerável.
"

Tony Judt, excerto de Noite.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Humor negro


1º lugar ex æquo:

João de Lima. 31.07.2010 14:10
Via Facebook
Viva Isabel
Isabel Alçada é um génio! A solução estava ao virar da esquina. Os alunos não sabem mas, por decreto, não haverá reprovações.
A Ministra da Saúde ouvindo isto, não ficará atrás e decreta: as pessoas estão doentes mas ninguém morre. Os hospitais ficarão vazios e o País poupará uma fortuna.
O Ministro dos Assuntos Sociais não se intimida e, de sopetão, legisla: o cidadão não tem dinheiro, está empenhado até aos ossos, está desempregado mas, por decreto, ninguém é pobre. Fechar-se-ão os IEFP, a taxa de desemprego ficará em 0% e, tudo isto, sem gastar um cêntimo.
Grã-cruz da Ordem do Infante para Isabel Alçada, já! Uma nação reconhecida, homenageia um génio que, por um simples decreto, nos retirou da miséria atávica e nos devolveu a prosperidade.


João de Lima. 01.08.2010 20:14
Via Facebook
Fantástico! Tia Isabel!
A Tia Isabel é fantástica! Mesmo no Algarve, imagine, teve uma ideia fantástica! Deixa de haver chumbos, quer a gente estude quer não! Não acha o máximo? Quem quiser (não vejo de todo o interesse) estuda, quem não quiser, não estuda. No fim, estudando ou não, vamos para a empresa do Pai e assim sempre podemos ter festas sem esta estopada dos exames. Estou siderado! Não é?

João de Lima. 01.08.2010 20:20
Via Facebook
Bueda fixe
Bueda fixe, mano! A cota agora não deixa ninguém chumbar. Baril. Temos que aproveitar esta onda. Para mim na boa, não fazemos puto, andamos por lá, umas ganzas. Não stressem manos. Escola é fixe. Viva a cota!

domingo, 1 de agosto de 2010

A senhora Ministra da Educação está reprovada




Aos comentários arquivados nos artigos "O fim das retenções I" e "O fim das retenções II" gostaria de acrescentar o seguinte:

As crianças e os adolescentes manifestam uma enorme diversidade de características vocacionais e de aptidões que exigem respostas educativas diferenciadas em duas vias de ensino.

Os alunos que reprovam por não terem capacidades para seguir um currículo exigente ou pura e simplesmente por não quererem estudar, nem eles nem a sociedade retira qualquer benefício de repetirem o ano. Devem, antes, enveredar por um ensino profissionalizante, sem reprovações, que os prepare para serem técnicos intermédios, ressalvando sempre o princípio da reversibilidade a um ensino mais rigoroso se mostrarem em exames nacionais que, entretanto, adquiriram conhecimentos e competências. Não há nisto qualquer hipocrisia.
Mas os outros, os que tiveram um problema grave de saúde, foram afectados por questões familiares ou simplesmente preguiçaram durante parte do ano lectivo, e não conseguiram recuperar, será preferível que sejam retidos e repitam o mesmo currículo.
É uma variante do que se propôs há algum tempo porque se chegou à conclusão que uma modificação do rumo logo à primeira reprovação pode ser contraproducente. Vimos mudanças de comportamentos profundas em crianças e adolescentes só porque os docentes e os pais se tornaram um pouco mais exigentes nestes dois últimos anos lectivos. Há, pois, que responsabilizá-los e conceder-lhes o benefício da dúvida antes de os desviar para o ensino profissionalizante que é uma mudança radical de direcção.

No entanto, não tenhamos dúvidas de que vai haver manipulação do sucesso. Aliás isso já acontece: em Português e Matemática-A a diferença entre a média das classificações de frequência (atribuídas pelos professores nas reuniões de avaliação finais) e a registada nos exames foi igual ou superior a três pontos.
E a situação tende a agravar-se porque muitos directores, demasiados mesmo, vão, através dos coordenadores de departamento por eles nomeados, obrigar os docentes a dar elevadas classificações de frequência.
De que modo exercem os coordenadores a sua influência? Através do modelo de avaliação do desempenho: são os avaliadores, ou nomeiam os avaliadores de todos os professores. Com uma avaliação interna, não serão os professores incompetentes os eliminados, mas os raríssimos docentes que não alinharem na subserviência.

Uma chamada de atenção especial para o 2º diálogo de "O fim das retenções I" pois permite-nos recordar algo que está esquecido: o facilitismo, com a concomitante indisciplina, é um cancro em progressão desde o processo revolucionário de 1974 que encerrou as escolas e instituiu as passagens administrativas por dois anos lectivos, sendo responsável pelo afastamento de docentes, nomeadamente, do professor Rómulo de Carvalho.
Todos os sucessivos governos deixaram agravar a doença, não foram apenas os socialistas.
As pessoas só agora se aperceberam que o ensino está gravemente doente porque se acabaram os subsídios da UE, a economia entrou numa crise gravíssima e o país tem escassez de técnicos e políticos qualificados.
E se atacamos mais a política educativa dos últimos governos é porque com José Sócrates os "pedagogos" do "eduquês" conseguiram trepar até ao último piso do edifício da avenida 5 de Outubro. Aliás ele próprio já é uma metástase.

Melhoraram-se as estatísticas, não se tentou curar o cancro do facilitismo e da indisciplina. Pelo contrário, activou-se o agravamento da doença com os modelos de gestão e de avaliação (interna) dos professores e a politização das escolas. O país já está a pagar pelo erro e, com quadros incompetentes e semi-analfabetos, mais pagará no futuro.
Com esta proposta inoportuna, a senhora Ministra da Educação vem mostrar, mais uma vez, que não conhece nem a especificidade do professorado, nem a mentalidade da população estudantil e dos seus progenitores, logo está reprovada.

O fim das retenções II - a reacção dos partidos políticos


A Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) mostrou-se preocupada com a intenção de acabar com as retenções dos alunos, embora neste momento o que inquieta grande parte dos encarregados de educação é estarem "sem saber em que escola os seus filhos vão estudar em Setembro".
Arquivámos mais alguns comentários instrutivos:


Coisadas, Lisboa, Portugal. 31.07.2010 13:24
Força nisso
Na minha empresa, de dimensão média, não trabalha um único licenciado, porque logo nos primeiros 15 minutos de entrevista espalham-se ao comprido na capacidade de expressão oral. Até hoje tive tanto azar ou tanta sorte, que ainda não encontrei nenhuma excepção.
Em compensação tenho excelentes técnicos informáticos sem grau universitário, que escrevem relatórios com qualidade e sem erros, e conseguem (admiração) ter uma conversa com princípio, meio e fim. Mas é tudo pessoal com mais de 40 anos, vá-se lá saber porquê... Se calhar muitos não entraram na faculdade porque antigamente chumbava-se, mas o que se aprendia, aprendia-se bem. Claro que o desemprego entre licenciados só pode mesmo é aumentar, e tem de se agradecer a ministras como esta esse facto.


F.C, Montemor-o-Novo. 31.07.2010 13:38
Exigência, exigência, exigência
Exigência, exigência, exigência e não facilitismo! Exames a todas as disciplinas no final de cada ciclo!
A retenção/reprovação beneficia alguns alunos, outros não! O aluno, quando retido, deve ter um plano próprio que contemple materiais de trabalho adaptados às suas dificuldades, ser integrado em turmas reduzidas e ser avaliado continuamente pelos professores/director de turma/encarregado de educação, ou seja deve beneficiar de um maior acompanhamento e, naturalmente, trabalhar mais.
Importar modelos do Norte da Europa, onde há uma cultura de trabalho enraizada na sociedade e onde, à noite, há o hábito de ler em família, é uma espécie de pedagogia do adesivo. Exija-se disciplina nas escolas! Exija-se trabalho aos alunos e envolvimento aos encarregados de educação! Exija-se, exija-se, exija-se! Facilitismo, não! Nunca vi alguém vencer na vida (com honestidade) sem esforço, sem sacrifício, sem trabalho!


Anónimo, Lisboa. 31.07.2010 16:50
Mais uma vitória do "eduquês"
As "alegadas" ciências da educação, introduzidas no país há vinte e poucos anos por uma série de "artistas" ambiciosos que não tinham capacidade para fazerem doutoramentos em universidades portuguesas, vieram destruir lentamente o ensino de rigor em Portugal. O sistema de ensino, dominado completamente por estes artistas e já pelos seus discípulos que se encontram no poder, não terá saída e irá agravar-se ainda durante vários anos até que novas gerações despertem para a realidade.


A Fenprof e os partidos políticos também estão a opor-se ao fim das retenções.
O CDS liderado por Paulo Portas pensa que "Portugal precisa de valorizar a exigência e a cultura de mérito na escola é essencial para vencer num mercado de trabalho competitivo".
Afirma o PCP que "aumenta-se o número de certificações, mas diminui-se simultaneamente a qualificação dos alunos".
Para o PSD, a medida "prejudica os alunos em especial num contexto de crise muito séria que Portugal atravessa e em que os alunos têm de ter mais do que nunca competências". E acrescenta que o anúncio não surpreende pois segue "o padrão deste Governo" em que "os ministros mudam, mas mantém-se o sinal de facilitismo".
Nesta notícia, entre mais de uma centena de comentários, recolheram-se os seguintes:


Gomes Ferreira, Queluz, Portugal. 31.07.2010 15:32
O ensino está transformado num charco
O ensino em Portugal está transformado num charco de facilitismo. Será que essa situação interessa apenas ao ministério, ou interessa também a muitos professores que não passam de medíocres sem outras saídas profissionais? Não serão todos, mas pelos resultados que se vêm serão a maioria deles.
Será que querem disfarçar a sua proverbial incapacidade para o ensino com a passagem de ano para todos os alunos, indistintamente de terem ou não aprendido as matérias leccionadas? Ao aceitar uma medida destas que interesses se estarão a servir? O dos alunos não será certamente. Existe qualquer coisa muito estranha nisto tudo, porque essa gente está convencida de estar a agir bem ao apoiar as teorias de esgoto do "eduquês". Lavaram-lhes o cérebro ou será que já não o tinham quando foram para o ensino?


Vera, Lisboa, Portugal. 31.07.2010 17:22
Estado criminoso
O Estado Português está refém de políticas de inspiração comunista, das quais o "eduquês" é apenas uma manifestação com influência visível. Existe um plano bem elaborado no sentido de se destruir toda a cultura de mérito e de esforço a partir da mais tenra infância, a fim de serem subvertidos todos os valores tradicionais acarinhados antigamente pelo nosso povo.
Esta nova instituição do "eduquês" sacrifica a educação das nossas crianças com o objectivo de criar um rebanho igualitário e sem ambições, mas tudo a coberto de boas intenções, com os chavões da igualdade e da justiça social à cabeça da propaganda. É um verdadeiro movimento de neo-comunismo que se anda a compor em certos sectores da sociedade portuguesa.
É a revolta dos medíocres que conseguiram chegar ao poder. Está mais do que visto que têm conseguido levar a ideia deles avante e que os culpados somos nós todos, pais, educadores, que nos calámos e compactuámos com a destruição do sistema de ensino e sua substituição pela cultura da mediocracia. É a chamada vingança dos comunistas. Vejam o currículo da ministra e de outros do género e ficará tudo bem claro.


V, Lisboa, Portugal. 31.07.2010 20:11
É para esconder a realidade
Para esconder que conseguiram construir finalmente uma sociedade nivelada por baixo, onde toda a gente vê lixo em 500 canais de televisão, onde toda a gente faz "post" de fotos da sua vida privada para o Facebook, onde arranjar emprego para a vida se tornou impossível, onde se chama errado ao que é certo, e certo ao que é errado.
É para esconder o facto de que nessa sociedade não interessa que as pessoas pensem e sintam e se esforcem, e sofram com os seus próprios falhanços, que seria a coisa mais natural do mundo. É premiar a ausência de valor, de escrúpulos, de vergonha, até! É hipotecar o futuro de jovens licenciados que não estão dotados de instrumentos mínimos para aumentar as suas capacidades cognitivas para fazer face a um mundo em mudança acelerada.
É o desagregar da velha herança greco-romana que assentava em valores sólidos, para os substituir pelo "fast-food" intelectual. É crime contra os jovens portugueses e as suas famílias.


Vasco, Lisboa, Portugal. 31.07.2010 22:37
Existem duas formas de ver o mundo
Duas formas de estar na vida: A primeira é a do deixa andar, do facilitismo, do atirar as responsabilidades para cima dos ombros dos outros. A segunda é a do esforço, do desempenho, da aposta nas nossas capacidades, do aceitar o julgamento dos outros quando fracassamos seja no que for e depois tentar melhorar e evitar repetir os erros.
Essas suas formas de estar na vida normalmente acabam por se reflectir nas opções políticas. Ou se é tendencialmente de direita ou se é tendencialmente de esquerda. Para bom entendedor meia palavra basta e estas decisões da ministra não são por isso surpreendentes pois a esquerda sempre andou de braço dado com o facilitismo. Só que em vez de ajudar os mais fracos, acaba por os prejudicar!


politico, Alentejo. 31.07.2010 23:05
Acabar com as reprovações não é facilitismo
As vítimas do sistema actual são as crianças que por motivos vários não têm acesso aos mesmos recursos que outras têm. Quando falo em recursos refiro-me a equipamentos escolares, a apoios familiares, a ambientes sociais. Essas crianças são as candidatas à reprovação. O papel da escola nestes casos é, principalmente, o apoio pedagógico, apoio alimentar, e até apoio às famílias. Se esse apoio for bem orientado e bem gerido a reprovação é, de facto, combatida.
Nos últimos anos tem havido, por parte do Ministério da Educação algumas medidas de melhoria do apoio a crianças com ambientes sócio/familiares problemáticos, mas devemos fazer mais e melhor. É desta forma que se combate a reprovação endémica, que tanto penaliza as crianças desprotegidas, como acaba por prejudicar toda a sociedade. Quando se diz que se quer acabar com as reprovações é disto que estamos a falar. Acabar com as reprovações não é facilitismo, como diz o PSD, pelo contrário é rigor e trabalho de recuperação e apoio intensivo a essas crianças vítimas dos ambientes adversos em que vivem.

VRF, Lisboa, Portugal. 31.07.2010
RE: Acabar com as reprovações não é facilitismo
Você está a confundir duas coisas muito diferentes. Uma coisa é o apoio social aos mais desfavorecidos, que penso que qualquer pessoa bem formada apoiará. Outra coisa é afirmar que passando os cábulas está a contribuir para diminuir o problema dos mais desfavorecidos, coisa que não faz sentido nenhum.
Um aluno por mais desfavorecido que seja tem sempre de ser responsabilizado pelos seus actos. Se não estuda, tem de interiorizar que não passa de ano e deverá assumir isso como uma vergonha.
Bem, negar isso é negar todos os fundamentos que permitem o funcionamento de uma sociedade civilizada e a partir daí africanizar completamente o ensino em Portugal.
Você fala com os actuais alunos do 12º ano? Olhe que até envergonha! Imagine quando tudo passar! Será o bom e o bonito: todos protegidos socialmente mas socialmente incapazes. É esse o futuro que quer para o seu país? Tem filhos? Olhe que eu sempre ouvi dizer que por detrás da cruz se esconde o diabo, ou seja, que de boas intenções está o inferno cheio. Não vê para onde caminhamos?

politico, Alentejo. 31.07.2010
RE: RE: Acabar com as reprovações não é facilitismo
Nações mais desenvolvidas do que a nossa praticamente baniram as reprovações do ensino básico. Isso não significa facilitismo nem recuo civilizacional, pelo contrário, significa trabalho e empenho por parte das instituições e um efectivo apoio às famílias desses alunos. Nalguns casos esses apoios prolongam-se pelas férias, dando a esses alunos possibilidades para recuperar. Pensa que os povos nórdicos, e não só, vão ceder ao facilitismo? Pelo contrário, acabar com os chumbos significa trabalho acrescido.
VRF, Lisboa, Portugal. 31.07.2010
RE: RE: Acabar com as reprovações não é facilitismo
Ó meu Deus, mas nesse caso é dar o apoio que for preciso! Devia até ser obrigatório! Mas não os passem de ano, percebe? Acaba-se com a hipótese de reter um mau aluno e permite-se que ele conclua o ensino obrigatório sem ter aprendido o mínimo exigível.
Não podemos comparar-nos com a Finlândia nem com países do norte da Europa, com uma cultura de exigência fortemente enraizada. Acha que vivemos num país onde lhe dizem para ir levantar o cartão X às 14:47 e você é mesmo atendido às 14:47?
Apoiem mas não passem sem que ele seja aprovado em exame. Não existe nenhuma métrica de avaliação de alunos que justifique a passagem de ano dos calaceiros. Isso é rebentar com todo o objectivo do sistema de ensino. Afinal como se separam os bons dos maus? Acha que não existem bons e maus? O prémio deve ser o mesmo para todos
?

Miguel Dias, Coimbra. 31.07.2010 23:09
Lata ou chumbo?
Efectivamente a minha experiência de professor diz-me que para a esmagadora maioria dos alunos o "chumbo" não se traduz em melhorias de aprendizagem nos anos seguintes. É uma constatação que parece chocar o senso comum das pessoas, mas a realidade é mesmo esta (é óbvio que há excepções). Os piores alunos que tenho ano após ano são sistematicamente os alunos repetentes...
No entanto, instituir uma espécie de sistema em que os alunos sabem antecipadamente que não reprovam seria completamente contraproducente ─ é a mensagem errada para os alunos e nova desautorização dos professores.
Quanto às alternativas da ministra ─ aulas de apoio, estudo acompanhado ─ não foi este o governo que retirou a milhares de alunos o estatuto de alunos com necessidades educativas especiais e logo todos os apoios que usufruíam? É preciso ter lata... (ou será chumbo?)


Anónimo, Portugal. 01.08.2010 03:28
Chumbos
O sistema onde não há chumbos é mais injusto que o nosso antigo, onde os alunos reprovavam e eram obrigados a repetir o ano.
Nesses países, quando um aluno não atinge os objectivos mínimos, para poder progredir para o nível seguinte, não é retido, mas muda de direcção. Isto é, é convidado a seguir um curso para burros. E se nesse curso voltar a não ter aproveitamento, segue para um curso para alunos ainda mais burros. E assim por diante. Nunca chumbou mas ficou com o destino traçado.
Onde está a injustiça do sistema? No facto de ser irreversível. Um aluno pode ter um ano mau com problemas de saúde, pode não ter a maturidade de acordo com a idade, pode ter um ano em que simplesmente não lhe apeteceu estudar. E o sistema não permite voltar atrás. Depois de se entrar no carril dos burros, é-se burro até ao fim.
Veja-se o que acontece com os portugueses na Suíça. Com o sistema das reprovações qualquer um pode recuperar. Desde que queira, e desde que trabalhe a sério. Um ou dois anos em oitenta é muito pouco.
No nosso sistema actual toda a gente passa sem saber nada. A maioria dos alunos a partir do quarto ano já não tem recuperação possível e lá segue alegremente até ao 12º ano.