sexta-feira, 14 de maio de 2010

Os serviços como motor do desenvolvimento do país


A revolução dos serviços é um artigo de opinião do JN digno de uma leitura, mas não se poderá aplicar ao nosso país.

Todos os dias tenho de ir à biblioteca da escola e aproveito para ver o que estão a fazer os alunos que aí se encontram.
Quando não há lá nenhuma aula, estão tantos alunos quantos os computadores disponíveis. E a fazer o quê? A jogar. Podem ser simuladores de desportos radicais, combates de naves espaciais, combates de artes marciais ou de guerreiros, ... Mas estão a jogar! Inquiri a funcionária: garantiu-me que é assim todo o dia.
Quando estão a fazer um trabalho orientado por professores fazem copy & paste de informação da Net, cortando frases a meio ou colando duas vezes a mesma frase, e não reparam porque entregam os trabalhos sem os lerem.

Se sabem descarregar jogos, também saberão descarregar a informação de que necessitem quando entrarem no mercado de trabalho. Mas não tenhamos ilusões. Vão procurar um emprego, não tencionam criar uma empresa, a não ser que seja uma loja onde irão vender o que outros produziram. O computador vai ser uma ferramenta útil, tal como o automóvel se tornou indispensável há 3 ou 4 décadas atrás quando se tornou uma ferramenta de trabalho. Mas não vai incentivar a maioria dos portugueses a produzir serviços transaccionáveis.
É uma questão de mentalidade: o português gosta de se divertir, de jogar, de falar pelos cotovelos ao telemóvel ou digitar mensagens no Windows Messenger assassinando a língua. Não é criativo e muito menos perfeccionista. Adora trabalhar no sector terciário mas como vendedor numa loja, empregado num restaurante ou atendedor de telefonemas num call-center. Nada que o obrigue a pensar ou estudar.

Só alguns, os especialmente talentosos, ou os que tiverem pais e professores que os incentivem, vão aprender a produzir serviços que possam ser comercializados em todo o mundo e puxar pela economia. Mas serão a excepção, não a regra. Para a imensa maioria até a produção industrial, se houvesse sector secundário, exigiria competências que não têm. A única saída é apenas a agricultura.

Sem comentários:

Enviar um comentário