quinta-feira, 19 de agosto de 2010

As opções dependem da mentalidade dos povos





Durante o período de actividades lectivas, tenho de ir todos os dias à biblioteca da escola e aproveito para ver o que estão a fazer os alunos que aí se encontram.
Quando não há lá nenhuma aula, estão tantos alunos quantos os computadores disponíveis. E a fazer o quê? A jogar. Podem ser simuladores de desportos radicais, combates de naves espaciais, combates de artes marciais ou de guerreiros, ... Mas estão a jogar! Inquiri a funcionária: garantiu-me que é assim todo o dia.
Agora com os Magalhães os miúdos começam a viciar-se no jogo a partir do 1º ano.

Não é a primeira vez na nossa história que nos defrontamos com este fenómeno social. Recordemos que Stanley Ho estudou no Queen's College, Hong Kong e atingiu apenas a Class D porque tinha resultados académicos não satisfatórios. Depois imigrou para Macau onde criou uma rede de casinos, sendo dono de um dos maiores casinos asiáticos, o Hotel e Casino Lisboa de Macau. Alguns políticos portugueses já viram na apetência lusa para o jogo um meio de obter divisas para o país (Santana Lopes pretendia construir um casino no Parque Mayer, a expensas daquela jóia que é o Jardim Botânico da Universidade de Lisboa).

Fui dos que ficaram horrorizados com tal opção. Preferia ver os portugueses a trabalharem no desenvolvimento de produtos (bens alimentares, máquinas, medicamentos, …) que melhorassem a vida das pessoas, não nesta espécie de droga. Mas ei-la que regressa, agora a um nível mais sofisticado: jovens com competências informáticas capazes de produzirem serviços que podem ser comercializados em todo o mundo e puxar pela economia, como a empresa Seed Studios que cria jogos para a consola PlayStation 3, da Sony, com fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) 2007-2013.

Há quem procure curar doenças, há quem crie paliativos para os que estão a morrer… As opções dependem da mentalidade dos povos.





Under Siege, o videojogo da Seed Studios para a PlayStation 3 da Sony.

1 comentário:

  1. O que escreveu relata o que se passa na maioria dos espaços que antes eram de estudo, de reflexão, de leitura e que agora passaram a ser espaços lúdicos (plenos de risos e gargalhadas!) ou de diversão (anedotas e jogos virtuais!) É a lei do menor esforço. Hoje propagou-se na sociedade (desde o diploma de Sócrates, a situação agravou-se: todos esperam um dia vir a ter também uma "Nova Oportunidade"!... Afirma (e nem duvido!) que na biblioteca "estão tantos alunos quantos os computadores disponíveis". O mais grave é que, esses mesmos computadores pagos com o erário público, estão a ser usados para, fazer jogos. Tal como diz, os alunos ali estão... estão a jogar! "Podem ser simuladores de desportos radicais, combates de naves espaciais, combates de artes marciais ou de guerreiros, ... Mas estão a jogar!"
    Enfim. se isso fosse uma casualidade, nem seria grave. Mas diz que inquiriu a funcionária (o que também nem duvidamos!) e que a mesma lhe garantiu "que é assim todo o dia.". Ora isto é mesmo muito grave... Pode crer que sim. A Ministra é que não deve pensar da mesma forma... Só tenho a dizer que faz falta continuar a denunciar esta palhaçada das tecnologias e da apologia da "lei do menor
    esforço". E dirá o aluno: "Se posso sacar uma licenciatura com a perna às costas, sem estudar... para quê esforçar-me? Os professores que estudem. Eles é que têm de ser avaliados. E eu também lhes vou dar nota. E o meu pai também... Até o analfabeto lá do sítio vai ter opinião pedagógica...
    E dirá José Sócrates: Afinal, o "gajo" até tem competência para fazer um filho, não é verdade? E a Ministra da Educação, concordará sem reservas ao senhor sabe tudo... Afinal ele até é engenheiro e a senhora... só é ministra porque ele a nomeou, tal como a sua antecessora. Não é verdade, senhora Isabel Alçada? Muito bem. E assim vai o país, caminhando para o abismo! Não admira que, mesmo com a adesão de novos países de Leste à União Europeia, Portugal continuará a estar na cauda da Europa, isto é, aquela zona onde normalmente só sai é M_RD_ (preencha os espaços com vogais!).

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