domingo, 1 de agosto de 2010

O fim das retenções II - a reacção dos partidos políticos


A Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) mostrou-se preocupada com a intenção de acabar com as retenções dos alunos, embora neste momento o que inquieta grande parte dos encarregados de educação é estarem "sem saber em que escola os seus filhos vão estudar em Setembro".
Arquivámos mais alguns comentários instrutivos:


Coisadas, Lisboa, Portugal. 31.07.2010 13:24
Força nisso
Na minha empresa, de dimensão média, não trabalha um único licenciado, porque logo nos primeiros 15 minutos de entrevista espalham-se ao comprido na capacidade de expressão oral. Até hoje tive tanto azar ou tanta sorte, que ainda não encontrei nenhuma excepção.
Em compensação tenho excelentes técnicos informáticos sem grau universitário, que escrevem relatórios com qualidade e sem erros, e conseguem (admiração) ter uma conversa com princípio, meio e fim. Mas é tudo pessoal com mais de 40 anos, vá-se lá saber porquê... Se calhar muitos não entraram na faculdade porque antigamente chumbava-se, mas o que se aprendia, aprendia-se bem. Claro que o desemprego entre licenciados só pode mesmo é aumentar, e tem de se agradecer a ministras como esta esse facto.


F.C, Montemor-o-Novo. 31.07.2010 13:38
Exigência, exigência, exigência
Exigência, exigência, exigência e não facilitismo! Exames a todas as disciplinas no final de cada ciclo!
A retenção/reprovação beneficia alguns alunos, outros não! O aluno, quando retido, deve ter um plano próprio que contemple materiais de trabalho adaptados às suas dificuldades, ser integrado em turmas reduzidas e ser avaliado continuamente pelos professores/director de turma/encarregado de educação, ou seja deve beneficiar de um maior acompanhamento e, naturalmente, trabalhar mais.
Importar modelos do Norte da Europa, onde há uma cultura de trabalho enraizada na sociedade e onde, à noite, há o hábito de ler em família, é uma espécie de pedagogia do adesivo. Exija-se disciplina nas escolas! Exija-se trabalho aos alunos e envolvimento aos encarregados de educação! Exija-se, exija-se, exija-se! Facilitismo, não! Nunca vi alguém vencer na vida (com honestidade) sem esforço, sem sacrifício, sem trabalho!


Anónimo, Lisboa. 31.07.2010 16:50
Mais uma vitória do "eduquês"
As "alegadas" ciências da educação, introduzidas no país há vinte e poucos anos por uma série de "artistas" ambiciosos que não tinham capacidade para fazerem doutoramentos em universidades portuguesas, vieram destruir lentamente o ensino de rigor em Portugal. O sistema de ensino, dominado completamente por estes artistas e já pelos seus discípulos que se encontram no poder, não terá saída e irá agravar-se ainda durante vários anos até que novas gerações despertem para a realidade.


A Fenprof e os partidos políticos também estão a opor-se ao fim das retenções.
O CDS liderado por Paulo Portas pensa que "Portugal precisa de valorizar a exigência e a cultura de mérito na escola é essencial para vencer num mercado de trabalho competitivo".
Afirma o PCP que "aumenta-se o número de certificações, mas diminui-se simultaneamente a qualificação dos alunos".
Para o PSD, a medida "prejudica os alunos em especial num contexto de crise muito séria que Portugal atravessa e em que os alunos têm de ter mais do que nunca competências". E acrescenta que o anúncio não surpreende pois segue "o padrão deste Governo" em que "os ministros mudam, mas mantém-se o sinal de facilitismo".
Nesta notícia, entre mais de uma centena de comentários, recolheram-se os seguintes:


Gomes Ferreira, Queluz, Portugal. 31.07.2010 15:32
O ensino está transformado num charco
O ensino em Portugal está transformado num charco de facilitismo. Será que essa situação interessa apenas ao ministério, ou interessa também a muitos professores que não passam de medíocres sem outras saídas profissionais? Não serão todos, mas pelos resultados que se vêm serão a maioria deles.
Será que querem disfarçar a sua proverbial incapacidade para o ensino com a passagem de ano para todos os alunos, indistintamente de terem ou não aprendido as matérias leccionadas? Ao aceitar uma medida destas que interesses se estarão a servir? O dos alunos não será certamente. Existe qualquer coisa muito estranha nisto tudo, porque essa gente está convencida de estar a agir bem ao apoiar as teorias de esgoto do "eduquês". Lavaram-lhes o cérebro ou será que já não o tinham quando foram para o ensino?


Vera, Lisboa, Portugal. 31.07.2010 17:22
Estado criminoso
O Estado Português está refém de políticas de inspiração comunista, das quais o "eduquês" é apenas uma manifestação com influência visível. Existe um plano bem elaborado no sentido de se destruir toda a cultura de mérito e de esforço a partir da mais tenra infância, a fim de serem subvertidos todos os valores tradicionais acarinhados antigamente pelo nosso povo.
Esta nova instituição do "eduquês" sacrifica a educação das nossas crianças com o objectivo de criar um rebanho igualitário e sem ambições, mas tudo a coberto de boas intenções, com os chavões da igualdade e da justiça social à cabeça da propaganda. É um verdadeiro movimento de neo-comunismo que se anda a compor em certos sectores da sociedade portuguesa.
É a revolta dos medíocres que conseguiram chegar ao poder. Está mais do que visto que têm conseguido levar a ideia deles avante e que os culpados somos nós todos, pais, educadores, que nos calámos e compactuámos com a destruição do sistema de ensino e sua substituição pela cultura da mediocracia. É a chamada vingança dos comunistas. Vejam o currículo da ministra e de outros do género e ficará tudo bem claro.


V, Lisboa, Portugal. 31.07.2010 20:11
É para esconder a realidade
Para esconder que conseguiram construir finalmente uma sociedade nivelada por baixo, onde toda a gente vê lixo em 500 canais de televisão, onde toda a gente faz "post" de fotos da sua vida privada para o Facebook, onde arranjar emprego para a vida se tornou impossível, onde se chama errado ao que é certo, e certo ao que é errado.
É para esconder o facto de que nessa sociedade não interessa que as pessoas pensem e sintam e se esforcem, e sofram com os seus próprios falhanços, que seria a coisa mais natural do mundo. É premiar a ausência de valor, de escrúpulos, de vergonha, até! É hipotecar o futuro de jovens licenciados que não estão dotados de instrumentos mínimos para aumentar as suas capacidades cognitivas para fazer face a um mundo em mudança acelerada.
É o desagregar da velha herança greco-romana que assentava em valores sólidos, para os substituir pelo "fast-food" intelectual. É crime contra os jovens portugueses e as suas famílias.


Vasco, Lisboa, Portugal. 31.07.2010 22:37
Existem duas formas de ver o mundo
Duas formas de estar na vida: A primeira é a do deixa andar, do facilitismo, do atirar as responsabilidades para cima dos ombros dos outros. A segunda é a do esforço, do desempenho, da aposta nas nossas capacidades, do aceitar o julgamento dos outros quando fracassamos seja no que for e depois tentar melhorar e evitar repetir os erros.
Essas suas formas de estar na vida normalmente acabam por se reflectir nas opções políticas. Ou se é tendencialmente de direita ou se é tendencialmente de esquerda. Para bom entendedor meia palavra basta e estas decisões da ministra não são por isso surpreendentes pois a esquerda sempre andou de braço dado com o facilitismo. Só que em vez de ajudar os mais fracos, acaba por os prejudicar!


politico, Alentejo. 31.07.2010 23:05
Acabar com as reprovações não é facilitismo
As vítimas do sistema actual são as crianças que por motivos vários não têm acesso aos mesmos recursos que outras têm. Quando falo em recursos refiro-me a equipamentos escolares, a apoios familiares, a ambientes sociais. Essas crianças são as candidatas à reprovação. O papel da escola nestes casos é, principalmente, o apoio pedagógico, apoio alimentar, e até apoio às famílias. Se esse apoio for bem orientado e bem gerido a reprovação é, de facto, combatida.
Nos últimos anos tem havido, por parte do Ministério da Educação algumas medidas de melhoria do apoio a crianças com ambientes sócio/familiares problemáticos, mas devemos fazer mais e melhor. É desta forma que se combate a reprovação endémica, que tanto penaliza as crianças desprotegidas, como acaba por prejudicar toda a sociedade. Quando se diz que se quer acabar com as reprovações é disto que estamos a falar. Acabar com as reprovações não é facilitismo, como diz o PSD, pelo contrário é rigor e trabalho de recuperação e apoio intensivo a essas crianças vítimas dos ambientes adversos em que vivem.

VRF, Lisboa, Portugal. 31.07.2010
RE: Acabar com as reprovações não é facilitismo
Você está a confundir duas coisas muito diferentes. Uma coisa é o apoio social aos mais desfavorecidos, que penso que qualquer pessoa bem formada apoiará. Outra coisa é afirmar que passando os cábulas está a contribuir para diminuir o problema dos mais desfavorecidos, coisa que não faz sentido nenhum.
Um aluno por mais desfavorecido que seja tem sempre de ser responsabilizado pelos seus actos. Se não estuda, tem de interiorizar que não passa de ano e deverá assumir isso como uma vergonha.
Bem, negar isso é negar todos os fundamentos que permitem o funcionamento de uma sociedade civilizada e a partir daí africanizar completamente o ensino em Portugal.
Você fala com os actuais alunos do 12º ano? Olhe que até envergonha! Imagine quando tudo passar! Será o bom e o bonito: todos protegidos socialmente mas socialmente incapazes. É esse o futuro que quer para o seu país? Tem filhos? Olhe que eu sempre ouvi dizer que por detrás da cruz se esconde o diabo, ou seja, que de boas intenções está o inferno cheio. Não vê para onde caminhamos?

politico, Alentejo. 31.07.2010
RE: RE: Acabar com as reprovações não é facilitismo
Nações mais desenvolvidas do que a nossa praticamente baniram as reprovações do ensino básico. Isso não significa facilitismo nem recuo civilizacional, pelo contrário, significa trabalho e empenho por parte das instituições e um efectivo apoio às famílias desses alunos. Nalguns casos esses apoios prolongam-se pelas férias, dando a esses alunos possibilidades para recuperar. Pensa que os povos nórdicos, e não só, vão ceder ao facilitismo? Pelo contrário, acabar com os chumbos significa trabalho acrescido.
VRF, Lisboa, Portugal. 31.07.2010
RE: RE: Acabar com as reprovações não é facilitismo
Ó meu Deus, mas nesse caso é dar o apoio que for preciso! Devia até ser obrigatório! Mas não os passem de ano, percebe? Acaba-se com a hipótese de reter um mau aluno e permite-se que ele conclua o ensino obrigatório sem ter aprendido o mínimo exigível.
Não podemos comparar-nos com a Finlândia nem com países do norte da Europa, com uma cultura de exigência fortemente enraizada. Acha que vivemos num país onde lhe dizem para ir levantar o cartão X às 14:47 e você é mesmo atendido às 14:47?
Apoiem mas não passem sem que ele seja aprovado em exame. Não existe nenhuma métrica de avaliação de alunos que justifique a passagem de ano dos calaceiros. Isso é rebentar com todo o objectivo do sistema de ensino. Afinal como se separam os bons dos maus? Acha que não existem bons e maus? O prémio deve ser o mesmo para todos
?

Miguel Dias, Coimbra. 31.07.2010 23:09
Lata ou chumbo?
Efectivamente a minha experiência de professor diz-me que para a esmagadora maioria dos alunos o "chumbo" não se traduz em melhorias de aprendizagem nos anos seguintes. É uma constatação que parece chocar o senso comum das pessoas, mas a realidade é mesmo esta (é óbvio que há excepções). Os piores alunos que tenho ano após ano são sistematicamente os alunos repetentes...
No entanto, instituir uma espécie de sistema em que os alunos sabem antecipadamente que não reprovam seria completamente contraproducente ─ é a mensagem errada para os alunos e nova desautorização dos professores.
Quanto às alternativas da ministra ─ aulas de apoio, estudo acompanhado ─ não foi este o governo que retirou a milhares de alunos o estatuto de alunos com necessidades educativas especiais e logo todos os apoios que usufruíam? É preciso ter lata... (ou será chumbo?)


Anónimo, Portugal. 01.08.2010 03:28
Chumbos
O sistema onde não há chumbos é mais injusto que o nosso antigo, onde os alunos reprovavam e eram obrigados a repetir o ano.
Nesses países, quando um aluno não atinge os objectivos mínimos, para poder progredir para o nível seguinte, não é retido, mas muda de direcção. Isto é, é convidado a seguir um curso para burros. E se nesse curso voltar a não ter aproveitamento, segue para um curso para alunos ainda mais burros. E assim por diante. Nunca chumbou mas ficou com o destino traçado.
Onde está a injustiça do sistema? No facto de ser irreversível. Um aluno pode ter um ano mau com problemas de saúde, pode não ter a maturidade de acordo com a idade, pode ter um ano em que simplesmente não lhe apeteceu estudar. E o sistema não permite voltar atrás. Depois de se entrar no carril dos burros, é-se burro até ao fim.
Veja-se o que acontece com os portugueses na Suíça. Com o sistema das reprovações qualquer um pode recuperar. Desde que queira, e desde que trabalhe a sério. Um ou dois anos em oitenta é muito pouco.
No nosso sistema actual toda a gente passa sem saber nada. A maioria dos alunos a partir do quarto ano já não tem recuperação possível e lá segue alegremente até ao 12º ano.


1 comentário:

  1. Na verdade, já nem tenho grande vontade de comentar qualquer que seja a notícia sobre Educação. Os Ministérios andam a gozar com o Povo Português. Não há um Rumo. Muda-se de Ministra muda-se de estratégia, de objectivos... Uns fazem a apologia das competências... vem outra e chama-lhes "METAS". Meus caros. Uma verdade é indiscutível. Chamemos-lhe bosta (das vacas) ou caganitas (das ovelhas), na verdade tudo o que sai do cu., seja ele de um animal ou de uma ave... é merda!. Ponto final. Por isso, deixemo-nos de merdices (vulgo, paneleirices). Acabemos com os incompetentes que chegam a Ministério da Educação não por competência mas por Nomeação. Apresentem-se os candidatos com um programa a implementar em 10 anos. Depois, Vamos votar e eleger a equipa que ficará com x por cento do OE para a Educação. E o Ministro da Educação será responsabilizado pelos resultados. Sim! Responsabilizado. Já chega de vir para o Ministério, fazer o seu "chichi" (vulgo, deixar a sua marca como os cães!) e depois pisgar-se sem prestar contas nem limpar a merda que fez... Vamos lá exigir responsabilidade e seriedade. Força aos Pais, aos alunos e aos Professores. Vamos mudar este país de uma vez por todas. Enfim. Desafio os leitores interessados na causa educativa a ler este artigo: Autonomia Conquistada Vs Autonomia Enquistada. ; ou este: Sócrates com 15 Anos de Atraso...! ; ou este: Um Dia a Escola Vem Abaixo! ou este: Que Trio de Incompetentes. ; ou este: Educação a Caminho do Abismo - I ; ou este: A Caminho de Uma Luta Sem Tréguas. ; ou este: TENHO Vergonha de "Ser Professor". ; ou este: Ministra Casmurra ? Cega?… Surda?… Nada Muda!

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