terça-feira, 30 de março de 2010

Large Hadron Collider (LHC)







Tudo começa com a ionização dos átomos de hidrogénio, i. e. retira-se ao átomo de hidrogénio o seu único electrão ficando o protão.
Depois os protões entram num acelerador linear onde são acelerados por um campo eléctrico até atingirem 1/3 da velocidade da luz.

domingo, 28 de março de 2010

Society



Oh, it's a mystery to me.
We have a greed with which we have agreed.
And you think you have to want more than you need,
until you have it all, you won't be free.

Society, you're a crazy breed.
I hope you're not lonely without me.

When you want more than you have, you think you need...
And when you think more than you want, your thoughts begin to bleed.
I think I need to find a bigger place.
Cause when you have more than you think, you need more space.

Society, you're a crazy breed.
I hope you're not lonely without me.
Society, crazy indeed.
I hope you're not lonely without me.

There's those thinking, more or less, less is more.
But if less is more, how you keeping score?
It means for every point you make, your level drops.
Kinda like you're starting from the top...
you can't do that.

Society, you're a crazy breed.
I hope you're not lonely without me.
Society, crazy indeed.
I hope you're not lonely without me.

Society, have mercy on me.
I hope you're not angry, if I disagree.
Society, crazy indeed.
I hope you're not lonely...
without me.

McCandless, 1968-1992. Morreu por inanição.



quinta-feira, 25 de março de 2010

XXVIII Olimpíadas Portuguesas de Matemática



60 alunos oriundos de escolas do Norte, do Centro e do Sul (20 de cada região) reuniram-se hoje, em Évora, para disputarem a final das XXVIII Olimpíadas Portuguesas de Matemática organizadas pela Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM).

Metade compete na categoria A (8º e 9º anos do 3º ciclo do ensino básico) e a outra metade na categoria B (ensino secundário).

"As provas são individuais e cada aluno vai ter que resolver a sua, sem ajuda de computadores, nem de livros, só com o seu material de escrita e de desenho", disse Joana Teles, da direcção da SPM, precisando que o "conjunto de problemas de matemática" tem que ser resolvido "num determinado tempo".

Esta competição vai ser alargada a alunos desde o 3º ano do 1º ciclo do ensino básico, dado o interesse manifestado pelas escolas, que "também é da SPM, para incentivar o gosto pela resolução de problemas cada vez mais cedo", frisou.


Plano inclinado XVIII - Actividade Empresarial em Portugal






Acertadas estas palavras do Engenheiro Henrique Neto, a merecerem relevo:


"De todos os problemas que a Educação em Portugal tem, há um factor absolutamente determinante que é a cultura científica.
Não é possível adoptar novas tecnologias, não é possível as empresas modernizarem-se com quadros opinativos.
(…) Não calculam o que é ter uma empresa, meia dúzia de engenheiros e cada vez que há um problema [darem uma opinião], em vez de definirem, numa página, qual é o problema, qual é a causa e qual é a solução. Em qualquer cultura, qualquer pessoa que é engenheiro sabe que tem de fazer isto.
Se reunirem meia dúzia de engenheiros à volta de uma mesa são seis opiniões, nenhuma delas cientificamente fundamentada. A sociedade portuguesa não é científica, não tende a valorizar os números, os dados, a ciência.

(…) As universidades devem procurar a verdade, o rigor, a exactidão. Temos um governo que faz a política de dar números falsos, errados. (…) Os empresários não têm informação credível.

Como é que é possível numa Europa, num Mundo de elevada competência, com pessoas nas empresas e também nos estados que estão no topo das carreiras universitárias, ou políticas, ou empresarias, [sobrevivermos] com os aprendizes de feiticeiro que existem no nosso país.
"


terça-feira, 23 de março de 2010

Proposta de reajustamento do ensino não superior


Todos os que trabalham em escolas, professores, assistentes técnicos ou operacionais, se apercebem que as crianças e os adolescentes manifestam uma enorme diversidade de características vocacionais e de aptidões a exigir respostas educativas diferenciadas. Por isso geram-se consensos de que, a partir do 2º ciclo do Ensino Básico, os alunos devem dispor de duas vias de ensino:

• A via humanístico-científica
• A via tecnológico-profissionalizante

Estas duas vias de ensino poderão existir em qualquer escola do 2º e 3º ciclos e Secundário, terão essencialmente os mesmos programas, com a via profissionalizante a beneficiar de alguma redução na extensão dos mesmos para que os alunos possam optar, em cada ano curricular, por uma ou duas disciplinas ministradas por profissionais de empresas do concelho a que a escola pertence, nas instalações da empresa, ou da escola sempre que esta disponha dos equipamentos adequados.

Todas as aulas deverão ter a duração de 50 minutos e ser intercaladas por um intervalo de 10 minutos, podendo distribuir-se tempos lectivos consecutivos à mesma disciplina.
As áreas disciplinares não curriculares (Estudo Acompanhado, Área Projecto e Formação Cívica) deverão ser extintas. Não obstante consideram-se as crianças e os adolescentes como seres em crescimento físico e intelectual que têm de estruturar a sua personalidade e adquirir hábitos de trabalho.
Por isso preconiza-se que os tempos lectivos actualmente atribuídos àquelas áreas disciplinares sejam adequadamente redistribuídos pelas disciplinas curriculares, para que os trabalhos e a formação cívica sejam feitos em relação com os conteúdos programáticos das várias disciplinas do curriculum.
Além das aulas pode, e deve, continuar a haver actividades extra-curriculares como os jornais escolares, e outros clubes, bem como as visitas de estudo. Mas planificadas como actividades de complemento aos conhecimentos que são transmitidos nas aulas e realizadas após estas.

Os conhecimentos e as aptidões adquiridas pelos alunos serão avaliados em exames nacionais, obrigatórios e únicos no final do 1º, 2º e 3º ciclos e Secundário, e todos os alunos reprovados na 1ª época (Junho), nalguma disciplina, poderão repeti-la na 2ª época (Julho).
Os alunos da via humanístico-científica, que voltem a reprovar, seguirão para o ciclo seguinte na via profissionalizante. Os alunos que já frequentam a via profissionalizante prosseguirão normalmente os seus estudos. Todos os alunos poderão regressar à via humanístico-científica desde que obtenham aprovação num futuro exame nacional do ciclo em que reprovaram.
Os alunos serão classificados numa escala de 0 a 20, excepto no 1º ciclo, e a classificação de exame entrará no cálculo da classificação final com um factor de ponderação de 50%. No 1º ciclo será preferível usar uma escala com cinco níveis, usando palavras comuns que exprimem uma avaliação de qualidade como sejam Medíocre, Insuficiente, Suficiente, Bom, Muito Bom.

A extensão da escolaridade obrigatória até ao 12º deve ser adiada por 9 anos, para preservar a qualidade do ensino nas escolas secundárias.

Finalmente uma palavra para o trabalho dos animadores culturais que é altamente meritório e imprescindível na integração social e escolar dos alunos, sobretudo nos territórios educativos de intervenção prioritária (TEIP). Mas não se deve confundir a docência com a animação cultural.

Os professores devem preocupar-se com o contexto social e a saúde dos seus alunos e detectar problemas, encaminhando os de cariz social para o gabinete de Ciências Sociais e os de saúde para o gabinete médico.
Devem ocupar-se a desempenhar a tarefa que lhes compete no desenvolvimento cultural humanístico, científico e tecnológico da sociedade portuguesa: ensinar.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Erupção vulcânica no Eyjafjallajökull - I


O vulcão do Eyjafjallajökull (glaciar Eyjafjalla), situado no sul da Islândia e considerado um dos menos activos no país, entrou em erupção pouco antes da meia-noite de sábado, 20 de Março de 2010.

O Eyjafjallajökull, ou Glaciar das Montanhas da Ilha (jökull=glaciar, fjalla=montanhas, eyja=ilha), é o sexto maior glaciar do país e recobre montanhas que há milhares de anos, antes do oceano ter regredido 5 km, se situavam numa ilha costeira.


A erupção ocorreu numa fissura de 0,5 km, localizada 8 km para leste da cratera principal do vulcão, numa zona entre os glaciares Eyjafjalla e Mýrdals chamada Fimmvörðuháls.


O vídeo, feito pela Guarda Costeira islandesa, revela o belo espectáculo da lava vermelho alaranjada, qual flor de fogo brotando do gelo, a reflectir-se na superfície azul translúcida do glaciar:






A Islândia é um país localizado no oceano Atlântico, numa região onde a Crista Média Atlântica emerge como uma ilha.

A Crista Média Atlântica é uma cordilheira submarina criada, no fundo do oceano, pelo magma que ascende através de fracturas da crosta provocadas pelo afastamento de duas placas tectónicas: a norte-americana e a eurasiática, no Atlântico Norte, a sul-americana e a africana, no Atlântico Sul.


Estas fracturas provocam uma descompressão sobre os materiais do manto, camada subjacente à crosta, que fundem produzindo o magma. Este sobe através da crosta e sai pela cratera do vulcão formando rios de lava.




Daí a grande actividade vulcânica que tem ocorrido neste país ao longo dos séculos, ao ponto de Júlio Verne ter iniciado a sua Viagem ao Centro da Terra na cratera de um vulcão extinto da Islândia, o do Snæfellsjökull.

O vulcão do Eyjafjallajökull entrou em erupção em 920, 1612 e, mais recentemente, entre Dezembro de 1821 e Janeiro de 1823.
No Mýrdalsjökull existe um vulcão subglaciar, o Katla, com uma câmara magmática de muito maior dimensão, cujas erupções habitualmente são desencadeadas pelas do vulcão do Eyjafjallajökull.


O arquipélago dos Açores é outro local de afloramento da Crista Média Atlântica.


quinta-feira, 18 de março de 2010

Resistir, ou partir?


A agitação social que varreu o país, a seguir ao 25 de Abril, estendeu-se aos estabelecimentos de ensino. Deixou de haver aulas nas escolas primárias, assim como nos liceus e nas instituições do ensino superior.
O liceu Pedro Nunes, onde Rómulo de Carvalho leccionava, não escapou à confusão geral. A poucos meses da aposentação, decidiu antecipá-la e retirou-se do ensino:


"Não se conseguia fazer nada. Os rapazes não deixavam. Andava tudo numa grande turbulência. O liceu estava guardado por rapazinhos de lá. Rapazitos, adolescentes. Tinham um pauzinho na mão e quando eu chegava à porta um deles batia-me com o pauzinho no ombro e dizia assim: — Este pode entrar —. E eu entrava e ia até ao laboratório fazer qualquer coisa. Mas não era para dar aulas, porque ninguém aparecia. (...)

Não acredito nos seres humanos. Não acredito na capacidade dos homens fazerem qualquer coisa socialmente boa, só são capazes de fazer qualquer coisa segundo os seus interesses pessoais. Ou seja fascismo, ou seja democracia, os homens ou aproveitam a dureza do fascismo para obrigarem os outros a fazerem aquilo que desejam, ou aproveitam a liberdade das democracias para fazerem o que podem em seu proveito."


Ai Heráclito, que se pode entrar duas vezes no mesmo rio.


Recordar o Poema para Galileo



Poema para Galileo


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.

Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar — que disparate, Galileo! —
e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas — parece-me que estou a vê-las — ,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.

Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.

António Gedeão





quarta-feira, 17 de março de 2010

Sidereus Nuncius


Galileo estava ciente que as suas observações com a luneta astronómica iriam mudar radicalmente a visão do Universo e libertar o pensamento e o conhecimento da autoridade exercida por Aristóteles desde a Antiguidade Clássica, durante quase dois mil anos.

Decide, então, comunicar parte dessas descobertas aos seus contemporâneos num livro subtilmente intitulado Sidereus Nuncius, que significa O Mensageiro das Estrelas.


Frontispício de Sidereus Nuncius


Publicado em Março de 1610, em Veneza, dedicou-o a Cosimo II de Medici, grão-duque da Toscânia, que o nomeia matemático da corte.

Ao longo das 60 páginas, escritas em latim, descreveu o aspecto montanhoso da superfície lunar, revelou a existência de inúmeras estrelas até então desconhecidas e mostrou que Júpiter possuía quatro satélites a que chamou Medicea sidera (Astros mediceus) em honra do seu protector.






























Cinco desenhos da Lua nas fases de Quarto Crescente (dois) e Quarto Minguante (três), mostrando a linha de separação entre as regiões diurna e nocturna que é regular nas planícies e quebrada nas montanhas.



É a tradução deste livro para português, feita pelo físico e historiador da ciência Henrique Leitão, que hoje foi apresentada na Fundação Calouste Gulbenkian
.

Galileo Galilei


Neste retrato, um dos últimos de Galileo, o físico e astrónomo de Pisa está sentado numa cadeira sobre cujo braço apoia a mão esquerda, enquanto segura na outra mão uma luneta astronómica.

Não foi Galileo o inventor do telescópio de refracção. Mas, ao aperfeiçoar este instrumento com o fito de observar objectos distantes, construiu em 1609 a primeira luneta astronómica que lhe permitiu descobrir as montanhas da Lua e quatro luas de Júpiter — Io, Europa, Ganimedes e Calisto.

As suas observações astronómicas levaram-no a defender o sistema heliocêntrico, proposto por Copérnico, refutando a antiga crença de que a Terra era o centro do Sistema Solar e do Universo.
E também a concluir que, ao contrário do que se pensava na época, a Via Láctea não era uma nuvem mas sim um conjunto de estrelas de que o Sol fazia parte.

A defesa do sistema heliocêntrico criou-lhe um conflito com a Igreja Católica Romana que lhe instaurou um processo e, após vários meses de prisão sob ameaça de tortura, o forçou a fazer uma retractação pública e o condenou a prisão domiciliária até à morte.


Mas o que tornou Galileo num dos maiores vultos da Ciência foi a criação de uma nova metodologia para estudar os fenómenos físicos, substituindo o método aristotélico, puramente racional e que provocara a estagnação do conhecimento durante a Idade Média, pelo método experimental. E o uso da linguagem matemática para traduzir os resultados das observações.

Em 1590, o estudo da queda dos corpos, usando o plano inclinado para retardar o movimento, permitiu-lhe formular a lei dos percursos dos graves serem directamente proporcionais ao quadrado dos tempos.
E também descobrir o princípio da inércia, um dos axiomas da Mecânica Newtoniana que, com a constância da velocidade da luz no vácuo, constitue o par de postulados em que se baseará a futura Teoria da Relatividade Restrita.


quarta-feira, 10 de março de 2010

Plano inclinado XVI - Tendências educativas em Portugal e a contratação de médicos aposentados



Absolutamente a ver por pais e docentes.
Uma excelente lição de Física, uma lição de Pedagogia e muito bom senso.




quinta-feira, 4 de março de 2010

Bullying



You cannot escape the responsibility of tomorrow by evading it today.
Abraham Lincoln



O drama de uma criança de 12 anos que frequentava a EB2,3 Luciano Cordeiro, em Mirandela, que alegadamente se terá atirado para as águas do rio Tua, depois de ter afirmado a um familiar que não suportava as agressões de que era vítima por parte de outros alunos, tem várias causas.

Causas políticas, como sejam a criação de uma legião de subsídio-dependentes a quem não é exigido qualquer trabalho em prol da comunidade, apenas que se inscrevam nos cursos Novas Oportunidades, a inclusão forçada de adolescentes que trazem a lei da selva para dentro dos muros da escola e o facilitismo no ensino.

O acréscimo de famílias desorganizadas e a perda de valores como o respeito e o mérito, ao ponto de professores serem menosprezados por algumas chefias se se empenharem no trabalho, indo contra a corrente da acomodação, serão algumas das causas sociais.

Quando tinha, como docente, um problema numa turma costumava ouvir as opiniões dos alunos e orientar a discussão de modo a promover testemunhos e argumentos que revelassem algum conhecimento sobre o assunto e respeito por um código de ética. Daí se transcreverem alguns dos comentários à notícia:


Pai revoltado, com o imobilismo de alguns bananas. 04.03.2010 16:43
O meu testemunho
Por detrás desta tragédia estará, certamente, um percurso de agressões que, ao não ser interrompido na altura própria, terá dado no que deu. Acredito que algumas vezes estas coisas acontecem com o conhecimento e imobilismo das Direcções das escolas.
Um filho meu sofreu de bullying no ano passado, na escola dele. Contactei várias vezes a sua Directora de Turma que, acreditem, achava que a solução estaria a jusante e não a montante. Ou seja, para ela, a solução era o meu filho não responder aos actos animalescos dos 2 ou 3 colegas que o insultavam constantemente e com ameaças constantes de agressão física, fazendo-o ter medo de ir para as aulas. Em relação aos agressores nada fazia.
Um dia, estando o meu filho numa aula, mandou-me uma mensagem a dizer “Estou ameaçado de pancada à saída da aula”. Respondi-lhe “Se ele começar, desfaz o gajo”, respondeu-me “Mas são 4”.
Posto isto, telefonei ao Conselho Executivo, que ainda me “puxou as orelhas”, pois eu nunca deveria ter aconselhado o meu filho a responder fisicamente a uma agressão física! Ainda tiveram o desplante de me dizerem que o meu filho não estava a integrar-se bem na nova turma.


mc , Algures. 04.03.2010 17:03
Triste fim
Pobre menino de 12 anos que triste fim. A vítima nunca é levada a sério, nem acompanhada pelos serviços de psicologia. Se tem acompanhamento é porque os pais estão muito atentos e conseguem-no através dos centros de saúde ou particular, porque o serviço de psicologia das escolas está disponível para acompanhar os agressores, necessitam de perceber as suas motivações.
Então quais são? Não é difícil de descobrir, alunos de 14 e 15 anos só pretendem demonstrar relativamente aos mais pequenos que são mais fortes, esses tipos nunca se metem com alunos da mesma idade.
Relativamente à escola (Direcção e Director de Turma) é de lamentar, deveriam averiguar antes, durante e depois, mas só resta o silêncio. Que escola é esta que protege os agressores e nada faz pelas vitimas?
À família, um abraço e que nunca se deixem silenciar, que lutem até às ultimas consequências.



Vp , Lz. 04.03.2010 17:55
A covardia dos "fortes"
A covardia dos "fortes", e não me refiro só aos adolescentes que agrediram, mas também aos adultos que se escondem atrás da mentira em que se tornou as suas vidas, como esse Sr. Representante dos pais. Gostaria de escutar as suas palavras se a criança que se suicidou fosse um dos seus filhos.
Toda a escola tem responsabilidades, assumam-nas de uma vez por todas e pelo menos trabalhem para que no futuro não aconteça mais lágrimas e dor. Pobres pais, pobres famílias, pobre ensino ao que chegastes!



Anónimo , Localidade, País. 04.03.2010 18:18
Bullying
Bullying é o termo utilizado para este tipo de comportamentos altamente destrutivo em termos emocionais e psicológicos, perpetrados geralmente contra crianças que são bons alunos e populares entre os colegas. O comportamento consiste em fazer guerra psicológica ao alvo minando-lhe a auto estima através de humilhações, abusos e até agressões constantes. Nos EUA, o bullying é atribuído como causa dos fenómenos de tiroteio nas escolas, em que os alvos estando de tal forma destruídos emocional e psicologicamente recorrem à violência extrema ou ao suicídio.
O mesmo se passa nos locais de trabalho, o workplace bullying que é extremamente frequente no Reino Unido e nos EUA, que consiste em desacreditar e descredibilizar um alvo, recorrendo a humilhações, repreensões e abuso psicológico constante. Tal como nas crianças o workplace bullying acontece a indivíduos competentes que estão particularmente dependentes do emprego. Tem o mesmo poder destrutivo.


Catani , Portugal, la piovra. 04.03.2010 19:17
Srs. Directores da Escola
Srs. Directores da Escola, Srs. Professores, Srs. Funcionários, Srs. do hospital que assistiram o Leandro. Srs. da Associação de pais, Srs. do ME:

Se eu não tivesse feito tudo o que estava ao meu alcance para ajudar o pequeno Leandro. Se eu, por ter erguido uma barreira, não tivesse possibilitado um pedido de ajuda. Se me chegasse um relatório a dizer que na Escola não existiam casos de bullying, e eu não tivesse entrado em alerta porque em todo o lado há casos de bullying. Se um aluno meu tivesse sido hospitalizado, a mãe tivesse já vindo à Escola implorar ajuda, e enquanto se procura o corpito do filho eu viesse dizer aos jornais que na minha escola não há registos de casos;
Então meus senhores eu não conseguiria viver, com a imagem da criança a fugir dos agressores, vendo toda a gente a virar a cara ao lado, sonhando com uma reforma dourada.
De noite iria acordar com o pesadelo da minha culpa por omissão, no homicídio por negligência grosseira, vejo-a a despir-se, a entrar na água gelada e sobretudo a despedir-se de todos nós enviando uma última mensagem, que cobardemente eu fingi durante anos não perceber, e mesmo hoje mais não faço do que sacudir a água do capote.