segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Negócios da Educação II


A história da Internet de Banda larga nas escolas é interessante.

Em 2007, aquando da venda dos primeiros computadores portáteis a docentes e alunos, o governo anunciou na comunicação social que fora instalada uma rede wireless nas 1200 escolas do país.
Pura propaganda, não havia nada. Passado um ano instalaram na minha escola uma rede com um servidor localizado na bilioteca e 4 pontos de repetição, que só permitia o acesso à Net dentro de um círculo com um raio de 20 m que, por falta de manutenção, ficou inoperacional ao fim de poucos meses.

Na semana seguinte às eleições europeias despejaram na escola computadores da Hewlett-Packard e quadros interactivos com videoprojector acoplado da Promethean, sem instruções para que fossem colocados na mesma parede da sala de aula.
Donde resultou que ficaram em paredes opostas: o docente teria de abrir a aplicação informática no computador que está sobre a sua secretária, percorria toda a sala de aula até ao quadro interactivo, escrevia nele, voltava a percorrer a sala da última fila de carteiras dos alunos até à secretária para aceder ao computador e fazer as operações necessárias na aplicação informática, voltava a percorrer a sala para escrever no quadro, ... e assim sucessivamente. É claro que os quadros vão apodrecer nas paredes sem serem usados.

Em Setembro começou a ser feita a cablagem: um ponto de rede na secretária do professor, um metro de cabo no quadro interactivo, ... , e 10 m de espaço vazio entre ambos: agora temos a certeza que os quadros interactivos nunca serão usados por impossibilidade física.
E continuamos à espera da ligação à Net, pela rede fixa, dos computadores das salas de aula.
Mas nem tudo é mau: a rede wireless voltou a funcionar. O problema é que por escassez de assistentes operacionais (é o novo nome dos "funcionários auxiliares de acção educativa", a quem os alunos ainda chamam "contínuos") a Biblioteca/Centro de Recursos está encerrada desde o início deste ano lectivo.

Entretanto está a ser feita formação de docentes para usar o software dos quadros interactivos porque chegou a vez do lobby das Ciências da Educação facturar.

E os videoprojectores da Epson não se usam? Usam-se, sim senhor. Ligados aos portáteis dos docentes nas 2 ou 3 salas que foram equipadas há uma década com ecrã de projecção!

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