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domingo, 6 de novembro de 2011

A visita do asteróide 2005 YU55


Imagem de radar do asteróide 2005 YU55 obtida em Arecibo, em 19 de Abril de 2010


A órbita elíptica do asteróide 2005 YU55 é bem conhecida.
Passou a 2,3 milhões de quilómetros da Terra, em 19 de Abril do ano passado, e agora vai passar, de novo, pelo nosso planeta.
O momento de aproximação mínima ocorrerá em 8 de Novembro às 15:28 PST (Pacific Standard Time, ou seja, 23:28 em Lisboa). Nesse ponto mais próximo estará a 324.600 km da Terra, ou seja, 0,85 da distância da Lua à Terra, e deslocar-se-á com a velocidade de 13,7 Km/s.

Este movimento rápido será facilmente observável usando um pequeno telescópio com uma lente de 15 cm ou superior (nesse momento o asteróide deve atingir a magnitude 11 ou 12). Como está a aproximar-se a partir da direcção do Sol, não será visível à noite até 8 de Novembro. Depois mover-se-á para fora da órbita da Terra.


Animation of the trajectory for asteroid 2005 YU55
Animação da trajectória do asteróide 2005 YU55 (clicar para ampliar)


O asteróide 2005 YU55 foi descoberto por Robert McMillan num programa de observação do espaço da NASA, em 28 de Dezembro de 2005.
Este seu encontro com a Terra é o mais próximo dos últimos 200 anos — além de que a última vez que um asteróide, de tamanho tão grande, passou tão perto, foi em 1976, mas sem conhecimento prévio, e só passará outro em 2028 —, pelo que representa uma oportunidade científica inestimável.
Os cientistas da NASA vão acompanhar a trajectória do asteróide 2005 YU55 do pólo Deep Space Network em Goldstone, Califórnia, quatro horas por dia, pelo menos, entre 6 e 10 de Novembro. Os radiotelescópios do observatório de Arecibo, Porto Rico, também vão captar imagens de radar muito nítidas que permitirão construir modelos tridimensionais do asteróide.
Graças às microondas emitidas pelos radiotelescópios de Goldstone e de Arecibo e ainda aos telescópios ópticos e de infravermelhos vai ser possível determinar a sua composição mineral.

No entanto, não há qualquer perigo de colisão com a Terra ou com a Lua e, como tem o tamanho de um porta-aviões, o efeito gravitacional sobre o nosso planeta é tão insignificante que nem sequer afectará as marés ou as placas tectónicas.


Características físicas e orbitais:
________________________________________________
semi-eixo maior
periélio (distância mínima do Sol)
afélio (distância máxima do Sol)
excentricidade
inclinação (em relação ao plano da órbita da Terra)
período de translação
período de rotação
diâmetro (tem forma arredondada)
________________________________________________


__________
1,143 UA
0,652 UA
1,633 UA
0,43
0,5º
446 dias
18 h
400 m
__________




Gráfico elaborado por um astrónomo amador de Tampa, Florida, na costa leste dos EUA. A aproximação máxima à Terra ocorre às 23:28 UTC (6:28 p.m. EST, na Florida), sendo visível a sudoeste para os observadores na Florida. Nesse momento o asteróide 2005 YU55 vai deslizar um grau por cada 7 minutos, movimento facilmente perceptível após alguns minutos de observação com uma potência baixa. O asteróide vai passar através das constelações da Águia, Delfim e Pégaso.




Perseguir o sonho.


domingo, 25 de setembro de 2011

O Sol e as auroras


Depois da beleza da aurora austral que a Estação Espacial Internacional nos permitiu desfrutar, uma breve explicação sobre as auroras.

O vento solar é uma corrente de partículas com carga eléctrica, proveniente do Sol, que altera as linhas de força do campo magnético da Terra dando ao escudo magnético do planeta — magnetosfera — a forma de uma lágrima:


Quando o fluxo de partículas — electrões e protões — é muito intenso, algumas conseguem penetrar na atmosfera por um cone deformado criado pelas linhas de força do campo nos pólos magnéticos.
Na camada superior da atmosfera, estas partículas de elevada energia chocam com átomos de oxigénio ou de azoto que depois se desexcitam emitindo luz vermelha, verde, azul e violeta:



Terminamos com um filme belíssimo de Ole C. Salomonsen sobre as auroras boreais:




sábado, 24 de setembro de 2011

Uma aurora austral






Esta visão deslumbrante da aurora foi obtida a partir da Estação Espacial Internacional, enquanto atravessava o Sul do Oceano Índico em 17 de Setembro de 2011. O filme foi acelerado e abrange o intervalo de tempo 12:22 - 12.45 Eastern Time (hora da costa leste dos EUA, ou seja, menos 5 horas que em Portugal).

Embora as auroras sejam observadas frequentemente perto dos pólos, esta aurora apareceu em latitudes mais baixas devido a uma tempestade geomagnética causada por uma emissão solar.
A inserção de partículas com carga eléctrica no campo magnético da Terra distorce este campo criando uma região em redor do planeta chamada magnetosfera. Oriundas do Sol, as partículas percorrem as linhas de força da magnetosfera e são, em geral, deflectidas, mas algumas conseguem chegar à atmosfera terrestre através das cúspides polares e originam as auroras boreais e austrais.

Magnetosfera

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A noite das Perseidas


Desde há dois mil anos, pelo menos, que as Perseidas suscitam a curiosidade humana.
Todos os anos, em Agosto, a Terra passa através de uma nuvem de detritos perdidos pelo cometa Swift-Tuttle cuja órbita em torno do Sol tem o período de 133 anos.
Esses pedaços de gelo e poeira – a maioria com mais de 1000 anos – inflamam-se na atmosfera da Terra criando uma das melhores chuvas anuais de meteoros. As Perseidas podem ser vistas em quase todo o céu, embora as melhores oportunidades de visualização ocorram no hemisfério norte, e são assim chamadas porque os meteoros parecem irradiar a partir de um ponto na constelação de Perseus.





Na noite de 03 de Agosto, pelas 21:56, um meteoro das Perseidas ─ com cerca de 2,5 cm de diâmetro e deslocando-se a uma velocidade de 216 km/h ─ entrou na atmosfera 113 km acima da cidade de Paint Rock, Alabama. A essa enorme velocidade, o meteoro descreveu uma trajectória com cerca de 105 km de comprimento, incendiando-se, finalmente, 90 km acima de Macay Lake, a nordeste da cidade de Warrior. O meteoro era seis vezes mais brilhante que o planeta Vénus e seria classificado como bola de fogo pelos cientistas.
O radiante das Perseidas estava numa declinação baixa quando o meteoro apareceu ─ apenas 9,5º. Portanto, este meteoro poderia ser considerado um ”raspador terrestre" por causa da sua trajectória longa e de pequeno declive, com um ângulo de entrada na atmosfera de apenas 12º.
Foi considerado um início auspicioso para a chuva das Perseidas de 2010 que atingirá o máximo esta noite de 12 para 13 de Agosto, entre a meia-noite e a madrugada (tempo local).


Vista das Perseidas na noite de 11 de Agosto de 2010, obtida por composição de 39 eventos sobre a estação Chickamauga, da NASA, na Geórgia.



O astrónomo Bill Cooke, do Marshall Space Flight Center, da NASA, responde às questões mais frequentes:


Onde se pode ver as Perseidas?
O fenómeno será visível nos Estados Unidos, na Europa e na maior parte do planeta, excepto na zona do mapa sombreada a vermelho. Claro que é preciso estar longe das luzes da cidade e que o céu esteja limpo.
Quando se pode ver?
A partir das 10 horas, hora local, e até às 3:00 ou 4 00 da madrugada. O número de meteoros vai aumentar durante a noite, atingindo o valor de 80-100 por hora. Os nossos olhos necessitam de 45 minutos para se adaptarem à escuridão.
Como se pode ver?
Deitado de costas sobre um saco de dormir ou uma cadeira de praia e olhando para cima, abrangendo uma área do céu tão extensa quanto possível. Não convém olhar para a constelação de Perseus, onde está localizado o radiante da chuva de meteoros, senão ver-se-ão poucos meteoros. Isso acontece porque a trajectória é tanto mais longa quanto mais longe do radiante o meteoro aparecer. Portanto para ver meteoros brilhantes, é preciso olhar a certa distância de Perseus e, para os observadores no hemisfério norte, para o nordeste. Olhar para cima, para o Zénite, é uma boa escolha e permite abranger uma grande área de céu.
Não usar binóculos ou um telescópio, porque reduzem o campo de visão.


Live TV by Ustream
Um feed vídeo/áudio, ao vivo, das Perseidas. A câmara encontra-se no Marshall Space Flight Center, da NASA, em Huntsville, Alabama, e é activada pela luz: durante o dia está desligada e só acende ao entardecer. Mas continua a ouvir-se o áudio dos blips, pings e assobios de meteoros que passam no céu.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Nebulosa de Carina — a estrela WR 22


Nova imagem espectacular criada a partir de imagens obtidas, através de filtros vermelhos, verdes e azuis, com a câmara Wide Field Imager do telescópio MPG / ESO de 2,2 m do observatório La Silla, no Chile, e publicada hoje pelo ESO.
Mostra a brilhante e invulgar estrela WR 22 (no centro), que se encontra na parte exterior da dramática Nebulosa de Carina a partir da qual se formou, e a sua colorida vizinhança.



As estrelas maciças vivem rapidamente e morrem jovens. Alguns destes faróis estelares emitem radiação tão intensa, através de sua espessa atmosfera, no final da vida, que derramam matéria no espaço a uma taxa milhões de vezes maior que a das estrelas relativamente calmas como o Sol.
Estes objectos raros, muito quentes e maciços são conhecidos como estrelas Wolf-Rayet, a partir dos nomes dos dois astrónomos franceses que as identificaram em meados do século XIX.

Uma das estrelas mais maciças descobertas até agora chama-se WR 22, pertence a um sistema de estrelas duplas e a sua massa é, pelo menos, 70 vezes maior que a do Sol.
A estrela WR 22 está na constelação Quilha, no hemisfério celeste sul (a quilha do navio Argo de Jasão na mitologia grega). Apesar de a estrela se encontrar a mais de 5000 anos-luz da Terra é tão brilhante que pode ser vista a olho nu, sob boas condições de visibilidade.

É uma das muitas estrelas excepcionalmente brilhantes associadas à bela Nebulosa de Carina e a parte exterior desta vasta região de formação de estrelas, a sul da Via Láctea, é o fundo colorido desta imagem.
As cores subtis da rica tapeçaria de fundo resultam da interacção da intensa radiação ultravioleta emitida por estrelas quentes e maciças, incluindo a WR 22, com as imensas nuvens de gás, principalmente hidrogénio, a partir da qual se formaram.
A parte central deste enorme complexo de gás e poeira, onde se encontra a notável estrela Eta Carinae, está fora desta imagem mas pode ser vista na imagem abaixo:


Esta visão panorâmica da Nebulosa de Carina combina a nova imagem do campo em torno da estrela WR 22 (à direita) com a imagem anterior da região em torno da estrela Eta Carinae, no coração da nebulosa (à esquerda).

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A Nebulosa de Carina — a estrela Eta Carinae


Esta imagem revela detalhes surpreendentes de uma das maiores e mais brilhantes nebulosas do céu, a Nebulosa de Carina (NGC 3372), onde ventos fortes e poderosas radiações emitidos por uma armada de estrelas maciças estão a criar o caos na enorme nuvem de gás e poeira a partir do qual nasceram as estrelas.
Foi produzida compondo imagens obtidas, através de seis filtros diferentes, pela câmara Wide Field Imager (WFI), ligada ao telescópio MPG / ESO (Max Planck Institute, ou Max Planck Gesellschaft em alemão / European Southern Observatory) do obervatório La Silla do ESO, no Chile, e publicada em Fevereiro de 2009.



A Nebulosa de Carina fica a cerca de 7500 anos-luz de distância, na constelação Quilha (latim Carina). Abrangendo cerca de 100 anos-luz, é quatro vezes maior do que a famosa Nebulosa de Orion e muito mais brilhante.
É uma região de intensa formação de estrelas com faixas escuras de poeira fria a manchar o gás brilhante da nebulosa que rodeia os numerosos agrupamentos de estrelas (em cima, à direita vê-se o Trumpler 14 e em baixo, à esquerda, o Collinder 228).
O seu brilho deve-se, principalmente, ao hidrogénio aquecido pela radiação intensa emitida pelas descomunais estrelas bebé. Quando a radiação ultravioleta interage com o hidrogénio produz-se radiação de cor vermelha e púrpura característica.
Contém mais de uma dezena de estrelas com, pelo menos, 50 a 100 vezes a massa do nosso Sol. Essas estrelas têm um tempo de vida muito curto, alguns milhões de anos, no máximo, um piscar de olhos se compararmos com os dez milhares de milhões de anos de tempo de vida do Sol.

Uma das mais impressionantes estrelas do Universo, a Eta Carinae, encontra-se nesta nebulosa (em baixo, à esquerda). É uma das estrelas mais maciças da nossa Via Láctea, acima de 100 vezes a massa do Sol e aproximadamente quatro milhões de vezes mais brilhante, sendo a estrela mais luminosa que se conhece.
Eta Carinae é altamente instável e propensa a explosões violentas, nomeadamente o falso evento super nova de 1842. Em apenas poucos anos, tornou-se a segunda estrela mais brilhante do céu nocturno e produziu quase tanta luz visível como uma explosão de super nova (a agonia usual de uma estrela maciça), mas sobreviveu.
É uma estrela binária: tem uma companheira que orbita em torno dela numa órbita elíptica, com um período de 5,5 anos. Ambas as estrelas produzem ventos fortes, que chocam, provocando fenómenos interessantes. Em meados de Janeiro de 2009, a companheira encontrava-se o mais próximo possível de Eta Carinae. Este evento, que pode fornecer uma visão única sobre a estrutura do vento das estrelas maciças, foi seguido por uma flotilha de instrumentos de vários telescópios do ESO.


Este mapa celeste mostra a localização da Nebulosa de Carina na constelação Quilha (é o quadrado verde no círculo vermelho à esquerda). Como é muito brilhante pode observar-se com pequenos telescópios e até a olho nu.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Solar Impulse III - O voo nocturno


Às 06:51 (GMT+2:00) do dia 7 de Julho, o Solar Impulse HB-SIA, movido a energia solar, descolou da base aérea de Payerne pilotado por André Borscherg.
Cerca das 16:40, o protótipo atingiu a altitude de 8,7 km. Durante esta longa ascensão, os 12 mil painéis solares que recobrem as suas asas carregaram os 400 kg de baterias de iões de lítio. O protótipo estava pronto para começar a sua jornada através da noite!
Iniciou-se então uma descida lenta até às 23:00, que o trouxe para uma altitude de 1,5 km. A partir desse momento, a energia armazenada nas baterias manteve-o no ar até hoje de manhã. Aterrou às 9:00.


Andre Borschberg conduz o Solar Impulse na primeira tentativa de voo nocturno.
Fotografia:Dominic Favre/Reuters.


"Durante todo o voo, estive sentado a observar o nível de carga da bateria a subir, a subir! Estar sentado num avião que produz mais energia do que consome é uma sensação fantástica", disse André Borschberg.
"Este é um momento simbólico: voar de noite usando apenas a energia solar é uma espantosa manifestação do potencial que as tecnologias limpas oferecem actualmente para reduzir a dependência da nossa sociedade em relação aos combustíveis fósseis!", acrescentou Bertrand Piccard, presidente do Solar Impulse.
"Foi o voo mais incrível da minha carreira. Voei 26 horas sem gastar combustível (fóssil) nem fazer poluição", afirmou Borschberg, ao aterrar.

O próximo desafio é um voo transatlântico planeado para 2013.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A imagem em microondas do Universo


O Planck é um telescópio da Agência Espacial Europeia que permite captar as microondas do espectro electromagnético entre 30 GHz e 857 GHz, portanto emitidas por fontes térmicas entre 20ºK (-253ºC, pasme-se!) e o zero absoluto (-273ºC, a temperatura mínima do Universo).
Graças às observações deste telescópio de microondas, entre Agosto de 2009 e Junho de 2010, obteve-se esta imagem:


A faixa central que atravessa a imagem é a nossa galáxia ─ a Via Láctea. Acima e abaixo da Via Láctea vêem-se flâmulas de poeira fria. Nesta teia galáctica estão a formar-se novas estrelas e o telescópio Planck encontrou muitos locais onde estrelas individuais estão a nascer ou a começar o seu ciclo de desenvolvimento.

Menos espectacular, mas mais intrigante é a mancha de fundo na parte superior e inferior da imagem. Esta é a 'radiação cósmica de fundo’ (RCF). É a luz mais antiga do Universo, o resíduo da bola de fogo donde surgiu o nosso Universo, há 13,7 milhares de milhões de anos.
Enquanto a Via Láctea nos mostra o que o universo local parece actualmente, aquelas microondas mostram-nos o que o universo parecia próximo do instante da criação, antes de haver estrelas ou galáxias. É este o objectivo da missão Planck: descodificar o padrão da mancha de fundo de microondas para saber o que aconteceu no Universo primordial.




O padrão das microondas é a impressão cósmica a partir da qual os actuais grupos e supergrupos de galáxias foram construídos.
As cores diferentes representam diferenças mínimas de temperatura e densidade da matéria no céu. De alguma forma essas pequenas irregularidades evoluíram em regiões mais densas que se transformaram nas galáxias actuais. A RCF abarca todo o céu, mas está escondida nesta imagem pela emissão da Via Láctea, que tem de ser removida digitalmente dos dados finais, a fim de se ver o fundo de microondas na totalidade. Quando este trabalho estiver concluído, o Planck irá mostrar-nos a mais precisa imagem do fundo, em microondas, até agora obtida.

A grande questão será saber se os dados revelarão a assinatura cósmica do período primordial chamado inflação. Postula-se que esta era ocorreu logo após o Big Bang e causou a enorme expansão do Universo num pequeníssimo intervalo de tempo.




O Planck a varrer todo o céu para construir a imagem.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Solar Impulse II - O projecto



O protótipo Solar Impulse foi desenvolvido por cientistas e engenheiros da École Polytechnique Fédérale de Lausanne.

Dados técnicos
Tripulação: 1
Envergadura: 63,40 m
Comprimento: 21,85 m
Altura: 6,40 m
Área das asas: 200 m2
Células fotovoltaicas: 11 628 (10 748 nas asas + 880 no estabilizador horizontal)
Peso: 1600 kg
Baterias de lítio: 400 kg (capacidade: 200 Wh/kg, i.e. 80 KWh)
Potência máxima: 4 x 7,6 kW motores eléctricos
Velocidade de descolagem: 35 km/h
Velocidade de cruzeiro: 70 km/h
Altitude máxima: 8,5 km

Com uma envergadura similar à de um Boeing 747 e o peso de um automóvel, terá quatro casulos sob as asas, cada um com um motor eléctrico e um conjunto de baterias de lítio.
As células fotovoltaicas na superfície superior das asas e da cauda geram energia eléctrica durante o dia, que impulsiona o avião e recarrega as baterias para o voo nocturno.
A questão da energia determina todo o projecto, desde as dimensões da estrutura até às restrições de peso máximo.

Ao meio-dia, cada m2 de superfície terrestre recebe 1 quilowatt de potência solar; mas durante o dia (24 h) a média é apenas 250W/m2. Com 200 m2 de células fotovoltaicas e 12% de eficiência na cadeia de propulsão, os motores do avião recebem, em média, 6kW que é, aproximadamente, a potência de que dispunham os irmãos Wright no voo de 1903.

Todavia a principal limitação do projecto são as baterias. Excessivamente pesadas, exigem uma redução drástica do peso do resto do avião. Com uma densidade de energia de 200Wh/kg, o voo nocturno exige 400 kg de baterias, ou seja, mais de 1/4 da massa total do avião.
Só um avanço tecnológico que aumente a capacidade da bateria permitirá um segundo piloto, diminuir a envergadura da asa ou aumentar a velocidade de voo.




Uma animação com três dimensões para sonhar!

Solar Impulse I - Voar com o Sol



Em 3 de Dezembro de 2009 o protótipo de um avião propulsionado pela energia solar, o Solar Impulse, descolou pela primeira vez, tendo percorrido 350 m à distãncia de 1 m do solo.
Este pequeno voo, em que o aparelho utilizou a energia da sua bateria, destinava-se a obter informação sobre o seu comportamento (reacção aos comandos, aceleração, distância de travagem, ...).





Para os pioneiros Bertrand Piccard e André Borschberg e a equipa do Solar Impulse o sucesso desta experiência foi a realização do sonho de construir um avião propulsionado por energias renováveis e a recompensa por 6 anos de trabalho muito intenso.

Deu-se então início à fase seguinte: a montagem do painel fotovoltaico nas asas para os testes de voo solar.
Hoje, no aeroporto de Payerne, na Suiça, fez-se história:





O Solar Impulse, movido pelos seus quatro motores eléctricos alimentados pela energia captada pelos painéis solares das suas asas, elevou-se no ar pelas 10:30 (GMT+2:00) e voou durante 1 hora e 27 minutos, tendo atingido 1,6 km de altitude e a velocidade de 55 km/h.

O próximo objectivo será a realização, em 2012, de um voo de circum-navegação.


terça-feira, 30 de março de 2010

Large Hadron Collider (LHC)







Tudo começa com a ionização dos átomos de hidrogénio, i. e. retira-se ao átomo de hidrogénio o seu único electrão ficando o protão.
Depois os protões entram num acelerador linear onde são acelerados por um campo eléctrico até atingirem 1/3 da velocidade da luz.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Recordar o Poema para Galileo



Poema para Galileo


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.

Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar — que disparate, Galileo! —
e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas — parece-me que estou a vê-las — ,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.

Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.

António Gedeão





quarta-feira, 17 de março de 2010

Sidereus Nuncius


Galileo estava ciente que as suas observações com a luneta astronómica iriam mudar radicalmente a visão do Universo e libertar o pensamento e o conhecimento da autoridade exercida por Aristóteles desde a Antiguidade Clássica, durante quase dois mil anos.

Decide, então, comunicar parte dessas descobertas aos seus contemporâneos num livro subtilmente intitulado Sidereus Nuncius, que significa O Mensageiro das Estrelas.


Frontispício de Sidereus Nuncius


Publicado em Março de 1610, em Veneza, dedicou-o a Cosimo II de Medici, grão-duque da Toscânia, que o nomeia matemático da corte.

Ao longo das 60 páginas, escritas em latim, descreveu o aspecto montanhoso da superfície lunar, revelou a existência de inúmeras estrelas até então desconhecidas e mostrou que Júpiter possuía quatro satélites a que chamou Medicea sidera (Astros mediceus) em honra do seu protector.






























Cinco desenhos da Lua nas fases de Quarto Crescente (dois) e Quarto Minguante (três), mostrando a linha de separação entre as regiões diurna e nocturna que é regular nas planícies e quebrada nas montanhas.



É a tradução deste livro para português, feita pelo físico e historiador da ciência Henrique Leitão, que hoje foi apresentada na Fundação Calouste Gulbenkian
.

Galileo Galilei


Neste retrato, um dos últimos de Galileo, o físico e astrónomo de Pisa está sentado numa cadeira sobre cujo braço apoia a mão esquerda, enquanto segura na outra mão uma luneta astronómica.

Não foi Galileo o inventor do telescópio de refracção. Mas, ao aperfeiçoar este instrumento com o fito de observar objectos distantes, construiu em 1609 a primeira luneta astronómica que lhe permitiu descobrir as montanhas da Lua e quatro luas de Júpiter — Io, Europa, Ganimedes e Calisto.

As suas observações astronómicas levaram-no a defender o sistema heliocêntrico, proposto por Copérnico, refutando a antiga crença de que a Terra era o centro do Sistema Solar e do Universo.
E também a concluir que, ao contrário do que se pensava na época, a Via Láctea não era uma nuvem mas sim um conjunto de estrelas de que o Sol fazia parte.

A defesa do sistema heliocêntrico criou-lhe um conflito com a Igreja Católica Romana que lhe instaurou um processo e, após vários meses de prisão sob ameaça de tortura, o forçou a fazer uma retractação pública e o condenou a prisão domiciliária até à morte.


Mas o que tornou Galileo num dos maiores vultos da Ciência foi a criação de uma nova metodologia para estudar os fenómenos físicos, substituindo o método aristotélico, puramente racional e que provocara a estagnação do conhecimento durante a Idade Média, pelo método experimental. E o uso da linguagem matemática para traduzir os resultados das observações.

Em 1590, o estudo da queda dos corpos, usando o plano inclinado para retardar o movimento, permitiu-lhe formular a lei dos percursos dos graves serem directamente proporcionais ao quadrado dos tempos.
E também descobrir o princípio da inércia, um dos axiomas da Mecânica Newtoniana que, com a constância da velocidade da luz no vácuo, constitue o par de postulados em que se baseará a futura Teoria da Relatividade Restrita.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Evasão II - Uma missão espacial para alunos 10-13 anos


A NASA dá-te a possibilidade de projectares a tua missão espacial.

Começa por desenhar a tua imagem de cientista (ou engenheiro), depois constroi o teu laboratório e a tua nave espacial.
Escolhe o destino e lança o foguetão.
Finalmente, quando a nave estiver numa órbita à volta do planeta que escolheste, dá-lhe instruções para recolher os dados. Repara que a informação é enviada para o teu laboratório como uma sucessão de 0's e 1's.

Bom trabalho!


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Evasão I - Tranquilidade





Parte da Estação Espacial Internacional foi captada numa fotografia pela sua tripulação. Como pano de fundo, o planeta Terra a flutuar no espaço.

Fotografia:NASA/Reuters



Uma fotografia do Público que convida à evasão.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Einstein's unfinished symphony II


O anterior vídeo proporcionava o prazer de ver o documentário da BBC completo e num único fôlego. Mas a empresa accionou os seus direitos autorais. Paciência. Fica o que resta.













sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Einstein's unfinished symphony



A documentary on the ideas and life of the late Albert Einstein.

discoveryourworld



He had the good fortune to live in a time when people took off their hats when a man died.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Displax Multitouch Technology



A tecnologia multitoque Displax transforma qualquer material não-condutor numa superfície interactiva pelo toque.

Consiste numa rede de nanofios embutida numa película de polímero transparente e mais fina que uma folha de papel. Pode aplicar-se sobre uma enorme variedade de superfícies planas ou curvas de vidro, plástico ou madeira.

Permite detectar 16 dedos simultaneamente em ecrãs até 50 polegadas. Quando se toca com um dedo no ecrã, ou se sopra sobre a superfície, cria-se uma pequena perturbação eléctrica que é detectada permitindo ao microprocessador do controlador identificar o movimento ou a direcção do fluxo de ar.




Com dimensões entre 35 cm e 3 m de diâmetro, a espessura de 100 mícron e peso até 300 g vai converter vitrinas em superfícies sensíveis ao toque, permitindo a criação de painéis de informação ou o desenvolvimento de interfaces inovadoras para a indústria de telecomunicações, farmacêutica e também na banca e museus.

Esta tecnologia foi desenvolvida pela empresa portuguesa Edigma, com sede em Braga, e apresentada esta semana na feira Integrated Systems Europe dedicada a profissionais das áreas dos audiovisuais e integradores de sistemas electrónicos.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Isaac Newton III - É uma honra para a espécie humana que um tal homem tenha existido





Sepultado na abadia de Westminster, pode ler-se no seu epitáfio (séc. XVIII),

Mortals rejoice that there has existed such and so great an ornament of the human race!

que actualmente se traduz por:

É uma honra para a espécie humana que um tal homem tenha existido.