Esta imagem revela detalhes surpreendentes de uma das maiores e mais brilhantes nebulosas do céu, a Nebulosa de Carina (NGC 3372), onde ventos fortes e poderosas radiações emitidos por uma armada de estrelas maciças estão a criar o caos na enorme nuvem de gás e poeira a partir do qual nasceram as estrelas.
Foi produzida compondo imagens obtidas, através de seis filtros diferentes, pela câmara Wide Field Imager (WFI), ligada ao telescópio MPG / ESO (Max Planck Institute, ou Max Planck Gesellschaft em alemão / European Southern Observatory) do obervatório La Silla do ESO, no Chile, e publicada em Fevereiro de 2009.
A Nebulosa de Carina fica a cerca de 7500 anos-luz de distância, na constelação Quilha (latim Carina). Abrangendo cerca de 100 anos-luz, é quatro vezes maior do que a famosa Nebulosa de Orion e muito mais brilhante.
É uma região de intensa formação de estrelas com faixas escuras de poeira fria a manchar o gás brilhante da nebulosa que rodeia os numerosos agrupamentos de estrelas (em cima, à direita vê-se o Trumpler 14 e em baixo, à esquerda, o Collinder 228).
O seu brilho deve-se, principalmente, ao hidrogénio aquecido pela radiação intensa emitida pelas descomunais estrelas bebé. Quando a radiação ultravioleta interage com o hidrogénio produz-se radiação de cor vermelha e púrpura característica.
Contém mais de uma dezena de estrelas com, pelo menos, 50 a 100 vezes a massa do nosso Sol. Essas estrelas têm um tempo de vida muito curto, alguns milhões de anos, no máximo, um piscar de olhos se compararmos com os dez milhares de milhões de anos de tempo de vida do Sol.
Uma das mais impressionantes estrelas do Universo, a Eta Carinae, encontra-se nesta nebulosa (em baixo, à esquerda). É uma das estrelas mais maciças da nossa Via Láctea, acima de 100 vezes a massa do Sol e aproximadamente quatro milhões de vezes mais brilhante, sendo a estrela mais luminosa que se conhece.
Eta Carinae é altamente instável e propensa a explosões violentas, nomeadamente o falso evento super nova de 1842. Em apenas poucos anos, tornou-se a segunda estrela mais brilhante do céu nocturno e produziu quase tanta luz visível como uma explosão de super nova (a agonia usual de uma estrela maciça), mas sobreviveu.
É uma estrela binária: tem uma companheira que orbita em torno dela numa órbita elíptica, com um período de 5,5 anos. Ambas as estrelas produzem ventos fortes, que chocam, provocando fenómenos interessantes. Em meados de Janeiro de 2009, a companheira encontrava-se o mais próximo possível de Eta Carinae. Este evento, que pode fornecer uma visão única sobre a estrutura do vento das estrelas maciças, foi seguido por uma flotilha de instrumentos de vários telescópios do ESO.
Este mapa celeste mostra a localização da Nebulosa de Carina na constelação Quilha (é o quadrado verde no círculo vermelho à esquerda). Como é muito brilhante pode observar-se com pequenos telescópios e até a olho nu.
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