Eis o diagnóstico de Medina Carreira:
A nossa entrada na UE exigia uma serie de correcções na nossa vida política e social porque “ficámos abertos ao comércio internacional, penetrando aqui as mercadorias que compramos livremente e vendendo as nossas lá fora livremente. (…) O problema nasce há 20 anos”.
Houve êxitos pontuais de crescimento económico quando a conjuntura internacional foi favorável, “quando o petróleo cai para menos de metade em 1985-90 ou quando os juros caem verticalmente em 1995-2000”.
Mas “a nossa capacidade para nos integrarmos no comércio internacional (…) é em queda permanente.”
Tem este programa um objectivo pedagógico: permitir que os portugueses percebam que “não é uma questão de hoje, vem minando o país há 20 anos. Os partidos, nunca quiseram, ou nunca foram capazes de fazer, todos os que entraram no governo, sem distinção, aquilo que era necessário. E continuamos a não fazer. (…) O escudo permitia camuflar a nossa incapacidade competitiva. No dia em que perdemos a nossa moeda ficámos expostos às regras do comércio internacional. Portanto a nossa decadência acentuou-se.(…) Entre 1996 e Junho de 2009 o nosso produto cresceu 2 vezes, em moeda corrente, a nossa dívida externa cresceu 20 vezes. (…) Isto não tem solução porque não podemos impedir que entrem as coisas que compramos, que são quase todas, e não podemos vender se não formos capazes de competir com os outros que produzem as mesmas coisas.”
O que é que os portugueses podem fazer? Consciencializarem-se e exigirem aos partidos políticos, que podem ser PS e PSD, mas com outra gente, “ (…) capazes de perceber e concretizar as políticas que nos restituam competitividade”.
E agora ouçamos Nuno Crato:
“ (…) a estratégia de Lisboa, no tempo de Guterres, foi uma catástrofe. Íamo-nos transformar num país tecnologicamente avançado, a Europa ia ultrapassar os EUA. (…) Marketing (…) Era a economia do conhecimento."
Quem fez economia do conhecimento? "Foi quem não falou: foi a Índia e a China. Em vez de planos grandiosos (…) começaram a trabalhar para educar as pessoas, sobretudo do ponto de vista técnico. Criaram gerações e gerações muito bem preparadas. (…) Criaram escolas de excelência. A Índia faz programas de computadores que vendem nos EUA e fazem receitas com isso. Apostaram na técnica em vez de falar dela e da sociedade do conhecimento.”