quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tempestade na ilha da Madeira IV




Lê-se e não se acredita.

É certo que pagaram as suas férias e têm o direito de usufruí-las. Mas será que nunca perderam um familiar ou um amigo?
É que não conseguem compreender o sofrimento dos madeirenses, nem mostrar um pingo de humanidade. Serão robots?

Nem sequer se apercebem que podiam estar na baixa do Funchal no momento da enxurrada e ter o mesmo destino da cidadã britânica que foi arrastada pela lama e pereceu.

Tempestade na ilha da Madeira III



Esta tragédia foi anunciada em Abril de 2008 no documentário Biosfera da RTP2:






Agradece-se a informação dada pelos comentadores falaraverdade , Funchal, Portugal. 25.02.2010 10:48 e josé, funchal. 25.02.2010 15:10.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tempestade na ilha da Madeira II



Desflorestação e construção em linhas de água acarretam graves prejuízos materiais e perdas de vidas humanas, como os madeirenses acabam de aprender em sofrimento.
Para que uma tal tragédia não se repita, merece alguma reflexão duas opiniões transcritas do Público.

A primeira, do geógrafo e antigo vereador do ambiente da Câmara Municipal do Funchal, Raimundo Quintal, considera que esta tragédia era "expectável". E acrescenta:

" Não é altura de procurar razões ou responsáveis. O que aconteceu, aconteceu e não há dúvidas de que era expectável, embora com uma cumplicidade alargada, pois choveu imenso, do mar à serra.
(...) [O] que vi hoje e sábado, infelizmente, leva-me a temer que o número de mortos vai subir muito e o apelo que faço é que todos sejamos capazes de ter ânimo para recuperar esta nossa linda cidade e ilha, que têm uma paisagem soberba mas em que, por vezes, a Natureza se enraivece.
"

O geógrafo e especialista em questões ambientais, que na década de 90 iniciou um plano de reflorestação das serras funchalenses, com a criação do Parque Ecológico do Funchal, concluiu:

" Espero que todos saibamos aprender com os erros cometidos. "


A segunda é um comentário de quem conhece profundamente as linhas de água no concelho do Funchal:


EGP, FX. 21.02.2010 22:12

Grandes Males, pequenos remédios (1)

Muito do que aconteceu tinha sido anunciado! Deixemos isso para depois... Por agora, pensemos o que fazer... Para remediar um pouco do que foi feito...

A ideia principal tem de ser a libertação das linhas de água: ribeiras e ribeiros! Não escondam as ribeiras nem os ribeiros...

Foz da Ribeira de S. João: A ribeira tem de ficar descoberta! Rebentemos com tudo o que cobre a ribeira e estude-se a melhor maneira de substituir a Rotunda do Infante.
Foz das Ribeiras de Santa Luzia e de João Gomes: Destrua-se as pontes da Praça da Autonomia e a própria Praça...
Na foz das três Ribeiras referidas, construam-se pontes mais elevadas (em arco) devidamente enquadradas na paisagem (difícil, mas...).... A Avenida do Mar tem de permitir o escoamento da água das Ribeiras...

EGP, FX. 21.02.2010 22:20

Grandes Males, pequenos remédios (2)

Outra questão tem a ver com os pequenos ribeiros... São tão pequenos, os ribeiros... Resolveram escondê-los... Vejam o que aconteceu...

O Ribeirinho da Pena, O Ribeiro da Rua do Comboio, da Rua do Pombal/Til, da Nora... Respeitemos os pequenos ribeiros, quando não chove... A ver se eles nos respeitam em dias de chuva intensa!

Tem de haver uma discussão muito séria sobre o que aconteceu, o que foi feito de mal na ocupação do solo e, muito importante, que soluções para os problemas... Vai tornar a chover muito, garanto!



domingo, 21 de fevereiro de 2010

Tempestade na ilha da Madeira I


O regresso brutal à realidade neste país.






O encontro de uma massa de ar muito frio, oriunda da Terra Nova, com uma massa de ar quente, a sul, criou uma superfície frontal no oceano Atlântico, entre Cuba e Marrocos, com nuvens que atingiram 12 a 14 km de altura. O sul da ilha da Madeira ficou no caminho desta frente nebulosa:





O Instituto de Meteorologia já previa para o Funchal um valor de precipitação elevado. Pelas 19.25 de sexta-feira foi emitido o aviso amarelo de precipitação que corresponde à queda de 10 a 20 milímetro de chuva por hora. Dados oriundos do satélite permitiram antever um agravamento da situação e pelas 8.52 de sábado, dia do temporal, o aviso mudou para laranja (queda de chuva entre 21 e 40 mm/h), passando apenas às 10.00 para vermelho (queda de chuva acima de 40 mm/h).
Foi entre as 9 e as 10h que a estação Funchal-Observatório registou o valor máximo de precipitação por hora: 52 mm/h. O valor acumulado entre as 6 e as 11h foi 108 mm.
Na estação Pico do Areeiro registou-se o valor máximo de 58 mm/h, obtido entre as 10 e as 11 h, e o valor acumulado entre as 6 e as 11h foi 165 mm.







Milhões de litros de água desceram pelas escarpas a grande velocidade e foram parar a ribeiras apertadas entre muros e que, para agudizar a tragédia, atravessam entubadas a baixa do Funchal.
A ignorância científica e técnica dos decisores no ordenamento do território aliou-se, assim, à violência da tempestade para avolumar a catástrofe face às cheias de 1993 (8 mortos e uma centena de desalojados).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Evasão II - Uma missão espacial para alunos 10-13 anos


A NASA dá-te a possibilidade de projectares a tua missão espacial.

Começa por desenhar a tua imagem de cientista (ou engenheiro), depois constroi o teu laboratório e a tua nave espacial.
Escolhe o destino e lança o foguetão.
Finalmente, quando a nave estiver numa órbita à volta do planeta que escolheste, dá-lhe instruções para recolher os dados. Repara que a informação é enviada para o teu laboratório como uma sucessão de 0's e 1's.

Bom trabalho!


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Evasão I - Tranquilidade





Parte da Estação Espacial Internacional foi captada numa fotografia pela sua tripulação. Como pano de fundo, o planeta Terra a flutuar no espaço.

Fotografia:NASA/Reuters



Uma fotografia do Público que convida à evasão.

A quem interessa a privatização das escolas públicas? II



Em resposta à notícia publicada hoje no Público, sobre a privatização das escolas do ensino secundário, transcreve-se um excelente comentário que acusa certos políticos de andarem a dormitar e propõe a criação de círculos uninominais:


Anónimo, Portugal. 17.02.2010 09:38
O Bloco chega tarde, muito tarde!

O Bloco chega tarde, muito tarde. Se tivesse participado no Congresso NextRev (A Próxima Revolução), na Gulbenkian, em 2008, teria percebido que a privatização vinha a caminho e em força.

Pergunto-me onde é que os partidos às vezes andam e o que andam a fazer. Então ninguém ainda perguntou na Assembleia da República por que razão há somente uma única empresa com o bolo da renovação das escolas na mão? Por acaso sabem onde estão implantadas as escolas? Calculam que o metro quadrado dos locais de implantação é elevadíssimo?
Onde é que andam os partidos? Basta entrar na internet e ler: «A parque escolar, EPE, criada pelo Decreto – Lei n.º 41/2007, de 21 de Fevereiro, é uma pessoa colectiva de direito público de natureza empresarial». Já lá vão três anos e o bloco só agora vai interpelar?
A revolução começou em 2007, prosseguiu em 2008 e, só para alguns distraídos, estamos em 2010. E só agora é que o Bloco acorda e vai interpelar a Ministra da Educação, já a procissão vai no adro e sem retorno à capela? Bem… vou aceitar em absoluta resignação que mais vale tarde do que nunca!

Quando é que será que eu vou poder falar directamente com o representante do meu distrito na Assembleia da República e perguntar-lhe o que é que anda a fazer em determinadas matérias? Chegou a hora de uma democracia verdadeiramente representativa!


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A quem interessa a privatização das escolas públicas?



A empresa pública Parque Escolar foi criada pelo DL 41/2007 para realizar um programa de obras nas escolas públicas, justificado com a necessidade de adaptar as instalações escolares ao uso das novas tecnologias e às novas normas de climatização e ruído.

" Todas as escolas que estiveram, estão ou virão a estar em obras, no âmbito do programa de modernização dos seus edifícios tutelado pela Parque Escolar, vão deixar de integrar o património do Estado para passar a ser propriedade daquela entidade pública empresarial ", indicou ao PÚBLICO o seu presidente, João Sintra Nunes.

Mais acrescenta que 332 das 445 escolas públicas de Portugal continental que têm ensino secundário receberão obras de beneficiação, donde se conclue que a transferência de propriedade para a Parque Escolar afectará 3/4 das escolas com secundário e será feita " à medida que as escolas vão sendo modernizadas ".

Neste momento a empresa já é a proprietária de sete escolas, entre as quais os antigos liceus Pedro Nunes e Passos Manuel, em Lisboa, e Rodrigues de Freitas, no Porto. Fica, assim, na posse de terrenos e imóveis que ocupam milhares de metros quadrados em zonas centrais das cidades.

Teoricamente a transferência de propriedade do Estado para as empresas públicas tem como objectivo diminuir as despesas no Orçamento do Estado, pois será a Parque Escolar que terá de gerir os imóveis.
A questão é que o património da empresa pode ser utilizado como aval para contrair empréstimos: já existe um empréstimo de 300 milhões de euros, estando previstos outros dois num montante de 850 milhões.


Além disso as empresas públicas têm de obedecer a muito menos requesitos do que o Estado quando se trata de alienar património. E nos últimos anos várias empresas públicas foram privatizadas para pagar o défice do Estado.

Portanto não adianta escamotear que, no futuro, os antigos liceus poderão converter-se em colégios privados e exigirem mensalidades fora do alcance da maioria das famílias, que verão os seus filhos afastados dessas boas escolas e empurrados para outras de fraca qualidade nos subúrbios das cidades.

Einstein's unfinished symphony II


O anterior vídeo proporcionava o prazer de ver o documentário da BBC completo e num único fôlego. Mas a empresa accionou os seus direitos autorais. Paciência. Fica o que resta.













sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Einstein's unfinished symphony



A documentary on the ideas and life of the late Albert Einstein.

discoveryourworld



He had the good fortune to live in a time when people took off their hats when a man died.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Libertar o futuro



... e devolver a esperança.






"(...) Tem de arrojar-se com uma revolução na Educação que, em vez de estar centrada no combate corporativo aos professores, rejeite por todos os meios o facilitismo e a estatística, promovendo os grandes valores da escola - a transmissão do conhecimento, a exigência, a autoridade dos professores e a autonomia da gestão. (...)"


Parece haver sinceridade nestas palavras e também a determinação e a vontade necessárias para enfrentar os problemas com que se debate a escola pública.
Transformada em armazém de crianças e adolescentes, com os docentes a servirem de animadores culturais e passadores de diplomas, será preciso muita coragem para retomar o objectivo da escola que é a transmissão do conhecimento entre as sucessivas gerações e a formação dos adultos que não se qualificaram em devido tempo.

Mas depois de tantos anos de marketing político prefere-se esperar pela prática: é que autonomia, com entrega do ensino não superior ao poder local, é a solução miraculosa que os políticos inventaram, nas torres de marfim onde vivem, para se livrarem das confusões e complicações da escola pública.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Plano inclinado XII - Orçamento para o Ensino Superior






"É a educação que pressiona o desenvolvimento económico". E não o inverso.

É a conclusão a que chegaram os autores de recente relatório da OCDE, The High Cost of Low Educational Performance, dois economistas que estudaram a relação entre educação e desenvolvimento económico, baseando-se em dados disponibilizados nos últimos 40 anos pelos países que integram esta organização.
Concluíram também:

" (...) o que interessa é a qualidade do que se ensina e do que se aprende, não é a duração da escolaridade".

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Nanotecnologia



Os nanofios de que se fala no anterior artigo são fios com diâmetro da ordem de 1 nanómetro, i.e. 1 milionésimo do milímetro. A tecnologia que produz estes fios chama-se, por isso, nanotecnologia e tem o objectivo de construir objectos ou mecanismos com dimensões da ordem do nanómetro e cujas peças são moléculas.

Em 2011 começará a funcionar em Braga um centro de investigação, o International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL) que pretende desenvolver novos nanoprodutos.




•O campus do futuro INL vai ocupar uma área com cerca de 47 000 m2
•Junto do rio Este
•Perto da Universidade do Minho

Os primeiros projectos dirigir-se-ão para as seguintes áreas prioritárias de investigação:

-Nanomedicina.
-Segurança e monitorização do ambiente e controlo de qualidade dos alimentos.
-Nanodispositivos electrónicos.
-Nanomáquinas e nanomanipulação.






Nanodispositivo para libertar in situ (glóbulo vermelho do sangue) o medicamento.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Displax Multitouch Technology



A tecnologia multitoque Displax transforma qualquer material não-condutor numa superfície interactiva pelo toque.

Consiste numa rede de nanofios embutida numa película de polímero transparente e mais fina que uma folha de papel. Pode aplicar-se sobre uma enorme variedade de superfícies planas ou curvas de vidro, plástico ou madeira.

Permite detectar 16 dedos simultaneamente em ecrãs até 50 polegadas. Quando se toca com um dedo no ecrã, ou se sopra sobre a superfície, cria-se uma pequena perturbação eléctrica que é detectada permitindo ao microprocessador do controlador identificar o movimento ou a direcção do fluxo de ar.




Com dimensões entre 35 cm e 3 m de diâmetro, a espessura de 100 mícron e peso até 300 g vai converter vitrinas em superfícies sensíveis ao toque, permitindo a criação de painéis de informação ou o desenvolvimento de interfaces inovadoras para a indústria de telecomunicações, farmacêutica e também na banca e museus.

Esta tecnologia foi desenvolvida pela empresa portuguesa Edigma, com sede em Braga, e apresentada esta semana na feira Integrated Systems Europe dedicada a profissionais das áreas dos audiovisuais e integradores de sistemas electrónicos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Fab Labs



Uma ideia magnífica: instalar uma rede de Fab Labs em Portugal.

Apreciem a feitura desta cadeira:




terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Por quem defende a qualidade do ensino



Transcreve-se o artigo de opinião (censurado) de quem é perseguido por defender o futuro do país e a qualidade do seu ensino:

O Fim da Linha

Mário Crespo

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)". É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.


Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa.